Li uma frase de Chico Xavier que dizia:
"O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum...
é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos, namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos, e acreditar mais ou menos. Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos."
Talvez eu seja mais ou menos feliz. Não acredito, na atualidade, nessa felicidade de alta intensidade, de alta performance, brilhando feito móvel quando se passa óleo de peroba.
Leva trabalho ser uma pessoa fácil. Ser uma pessoa de alta performance. De excelência. Eficaz, eficiente, trabalhador modelo.
A cada aniversário que completo, a cada ciclo que passo, me convenço de que leva tempo ser essa pessoa “fácil” que a sociedade tanto exige.
O que seria ser uma pessoa fácil?
Relaxada, desapegada, descontraída, que gosta de meditação e comida vegana? Que aprendeu a ficar zen, a perdoar rápido? Que escuta áudio binaural no trânsito e que segue todos os novos gurus?
Assisti ao filme A Substância e reafirmei o que já vinha pensando: esse culto da excelência, da produtividade, da juventude talvez seja a maior loucura contemporânea. Entendo quando Chico quis dizer que não devemos ser mais ou menos. De todas as dimensões que o ser humano tem, creio, indo aos meus 40 anos, que a alma é a única que não deve perecer. Nosso exterior cansado, atribulado, flácido será sempre mais ou menos.
Só nossa inteligência espiritual merece ser excelente.
Mín. 24° Máx. 36°