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Carla Zambelli entra na lista da Interpol e reacende debate sobre decisões de Moraes

Diferente dos casos de Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio, Interpol acata pedido do STF e inclui deputada na Difusão Vermelha; Zambelli já está fora do país

05/06/2025 às 17h08 Atualizada em 06/06/2025 às 10h19
Por: Wagner Albuquerque
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi incluída na lista de Difusão Vermelha da Interpol por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida foi tomada após a condenação da parlamentar a dez anos de prisão por participação na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça, com auxílio do hacker Walter Delgatti. Moraes também decretou a prisão preventiva de Zambelli, que deixou o Brasil dias antes da decisão e atualmente está nos Estados Unidos.

A Interpol, que havia recusado pedidos anteriores semelhantes envolvendo aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, agiu com rapidez no caso da deputada. Em menos de 24 horas, acatou o pedido do STF, algo que contrasta com as negativas anteriores referentes aos jornalistas Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio. Ambos foram alvos de mandados de prisão expedidos por Moraes, mas tiveram suas inclusões na lista internacional rejeitadas pela organização por motivos como ausência de provas claras e proteção de pedidos de asilo político.

Nos casos de Allan dos Santos e Eustáquio, a Interpol alegou falta de clareza nas acusações e risco de uso político das solicitações, com base no artigo 3º da sua Constituição, que proíbe ações com motivações políticas. Eustáquio ainda teve a extradição negada pela Justiça espanhola, o que levou Moraes a retaliar suspendendo a extradição de um cidadão búlgaro. Já em relação a Zambelli, a justificativa para a urgência foi sua saída do país com o objetivo de evitar o cumprimento da pena.

A situação de Zambelli levanta novos questionamentos sobre a seletividade das decisões judiciais e o uso de instrumentos internacionais para fins internos. Fora do Brasil, a deputada acusa o STF de agir fora dos limites constitucionais. Enquanto isso, Moraes ordenou o bloqueio de seus perfis em redes sociais e estipulou multa diária em caso de publicações, inclusive por terceiros. O caso promete reacender discussões sobre liberdade de expressão, perseguição política e a atuação da Justiça brasileira no cenário internacional.

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