Depois de quase dois meses de uma verdadeira “via sacra” jurídica e política, o suplente de vereador Leôndidas Júnior (PSB) foi finalmente empossado nesta quarta-feira, 4 de junho, na Câmara Municipal de Teresina. Ele assume interinamente a vaga da vereadora Tatiana Medeiros, que está afastada do cargo por decisão judicial e enfrenta acusações que vão desde compra de votos até o uso de recursos de facção criminosa em sua campanha eleitoral.
A posse de Leôndidas representa mais que um ato protocolar: simboliza a resposta institucional — ainda que tardia — a uma grave crise ética e política que atingiu o legislativo municipal. Tatiana Medeiros estava presa há dois meses, chegou a ser hospitalizada sob alegação de distúrbios emocionais, e foi encontrada com celular e tablet dentro da cela do Comando Geral da PM, onde estava custodiada. Apesar da gravidade das acusações e da prisão preventiva, a vereadora só teve o mandato suspenso recentemente e ainda permanece, oficialmente, como titular da cadeira.
Em seu discurso de posse, Leôndidas Júnior afirmou que irá protocolar seis projetos de lei nas áreas de educação, mobilidade urbana e geração de emprego e renda. “Vamos dar nossa contribuição para tornar Teresina uma cidade mais humana e desenvolvida, defendendo o interesse coletivo e fiscalizando o poder executivo”, declarou o parlamentar.
Ele também destacou a importância da análise criteriosa do Orçamento Público Municipal como uma das tarefas mais urgentes dos vereadores. Segundo Leôndidas, “o papel do parlamentar neste momento é compreender o tamanho do rombo nas contas da cidade e buscar soluções sem comprometer os serviços essenciais”.
Leôndidas reforçou ainda que seu mandato será pautado pelas diretrizes construídas com movimentos sociais e apoiadores, e prometeu não votar contra pautas de interesse dos servidores públicos, como a redução salarial.
A presença de Leôndidas Júnior na Câmara, entretanto, não encerra o capítulo judicial que envolve Tatiana Medeiros. A vereadora teve prisão domiciliar concedida nesta terça-feira (3), por decisão da juíza Júnia Maria Bezerra Feitosa Fialho, da 1ª Zona Eleitoral de Teresina, e deixará o presídio sob uso de tornozeleira eletrônica. A decisão, motivada por alegações de saúde mental fragilizada, proíbe a parlamentar de exercer funções públicas enquanto responde ao processo.
Ainda assim, a definição sobre a perda definitiva de seu mandato depende de uma manifestação formal da Mesa Diretora da Câmara, que tem evitado adotar medidas mais drásticas diante da pressão política e da repercussão do caso.
A morosidade da Câmara Municipal em tomar uma posição definitiva sobre o mandato de Tatiana levanta questionamentos. Mesmo diante de denúncias robustas e de uma prisão decretada pela Justiça Eleitoral, a vereadora só foi afastada do cargo após quase dois meses. A ausência de uma deliberação firme da Mesa Diretora revela, para muitos, uma postura conivente ou acovardada diante de um escândalo que atinge a imagem do legislativo teresinense.
Enquanto a cidade enfrenta uma crise fiscal e social, a população observa um Parlamento que demora a se posicionar sobre parlamentares envolvidos com o crime organizado. A posse de Leôndidas Júnior pode representar um sopro de renovação e responsabilidade, mas a efetiva resposta institucional ainda está pendente — e depende do posicionamento da Justiça e da própria Câmara Municipal.
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