O presidente da Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi), deputado Severo Eulálio (MDB), assumirá interinamente o Governo do Estado a partir desta sexta-feira (9). A medida se dá em razão da ausência simultânea do governador Rafael Fonteles (PT), que viaja à China, e do vice-governador Themístocles Filho (MDB), que encontra-se em período de férias até o dia 15 de maio.
A cerimônia de assinatura da ata de posse ocorreu no Palácio de Karnak, sede oficial do Executivo estadual. Severo Eulálio comandará o governo pelo menos até o dia 14 de maio, quando Rafael retorna da primeira etapa de sua missão internacional. É a primeira vez que o deputado assume oficialmente o comando do Executivo piauiense.
O governador Rafael Fonteles integra a comitiva presidencial liderada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em viagem à China, com compromissos institucionais e econômicos voltados à atração de investimentos estrangeiros para o Brasil, e, especificamente, para o Piauí. Após o retorno, Rafael já tem outra viagem prevista entre os dias 23 e 31 de maio, com destinos no Oriente Médio - Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes - onde representará o Consórcio Nordeste, do qual é presidente.
Na ausência do governador, a Constituição Estadual prevê que o vice-governador assuma automaticamente o cargo. Porém, como Themístocles Filho está em férias, a linha sucessória passa a contemplar o presidente da Assembleia Legislativa, conforme prevê a legislação. Caso também houvesse impedimento do chefe do Legislativo, caberia ao presidente do Tribunal de Justiça do Estado ocupar o posto.
Essa alternância no comando do Executivo é um instrumento constitucional que garante a continuidade da administração pública e a preservação institucional do Estado. No entanto, apesar da interinidade, o novo governador temporário tem plenos poderes para tomar decisões, sancionar leis e assinar decretos, desde que não conflitem com a legislação eleitoral e demais limitações administrativas.
A presença de Severo Eulálio no comando do Karnak é vista por bastidores políticos como um gesto de confiança e equilíbrio entre os Poderes. Também reforça sua posição estratégica dentro do MDB, partido com forte protagonismo no governo estadual.
Mas o que de fato o Piauí tem colhido com tantas viagens do governador Rafael Fonteles ao exterior?
Desde o início de sua gestão, Rafael já participou de pelo menos uma dúzia de missões internacionais, vendendo as potencialidades do Piauí em diversas frentes - energia limpa, infraestrutura, agronegócio e inovação. Contudo, o que se percebe até o momento é um enorme volume de discursos e fotografias, mas nenhum projeto concreto, investimento efetivado ou obra iniciada como fruto direto dessas agendas globais.
Na prática, os benefícios prometidos continuam apenas no campo da expectativa, enquanto as despesas com passagens, hospedagens, diárias e comitivas se acumulam. A crítica que começa a ganhar corpo entre analistas e opositores é: não estaria o governador mais preocupado com sua projeção nacional e internacional do que com os resultados reais para os piauienses?
Enquanto isso, problemas estruturais permanecem: estradas esburacadas, hospitais em colapso e segurança pública fragilizada. O povo do Piauí aguarda não apenas anúncios, mas ações - e essas, até agora, não embarcaram nem aterrissaram.
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