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Política CHOQUE DE REALIDADE

Janones prova do socialismo e cospe: “Merda de país!”

Em viagem a Cuba para celebrar o Dia do Trabalhador, deputado lulista tem surto em restaurante, se choca com a realidade cubana e expõe a hipocrisia do socialismo de boutique

04/05/2025 às 06h02 Atualizada em 04/05/2025 às 08h50
Por: Douglas Ferreira
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André Janones reagiu mal ao choque de realidade em Cuba o “paraíso socialista” idolatrado pela esquerda brasileira - Foto: Reprodução
André Janones reagiu mal ao choque de realidade em Cuba o “paraíso socialista” idolatrado pela esquerda brasileira - Foto: Reprodução

O deputado federal André Janones (Avante/MG) protagonizou mais um de seus momentos folclóricos - e não foi em uma live, nem nos corredores do Congresso, mas em pleno solo cubano. O episódio, digno de roteiro tragicômico, expõe com precisão cirúrgica a velha contradição entre o discurso ideológico da esquerda brasileira e a realidade concreta dos regimes que ela defende com tanto ardor. E o enredo tem todos os ingredientes: viagem ideológica, crise de estrelismo, conta alta, gritaria em restaurante e, claro, um desfecho patético.

A seguir, os principais pontos do episódio e o que ele revela:

A viagem: de Brasília ao “paraíso socialista”

Janones viajou a Cuba para participar das celebrações do Dia do Trabalhador, em 1º de maio. O evento, tradicionalmente usado pelo regime cubano para reafirmar os “valores da revolução”, atrai figuras da esquerda mundial - especialmente os que veem na ilha uma utopia de igualdade e resistência ao “imperialismo”. Na verdade o governo cubano desde os tempos de Fidel, usou esse momentos para faturar alto com o turismo. Coisa de capitalista.

O deputado fez questão de mostrar nas redes sociais sua empolgação. Em um vídeo publicado, chegou a afirmar que estava no “país onde o impossível se fez possível”. Mal sabia ele o quão literal essa frase se tornaria algumas horas depois - ao descobrir que, em Havana, até pagar uma conta de restaurante pode ser uma façanha impossível.

O episódio: carne nobre, moeda desvalorizada e gritaria

Na noite de 30 de abril, Janones decidiu jantar no restaurante La Vitrola, em Havana Velha, área turística da capital cubana. Sugestão dos garçons: um tomahawk, corte nobre de carne (O tomahawk é um corte que contém na mesma peça Ancho e Costela. Com elevado grau de marmoreio, ele também chama a atenção pela sua beleza: é imponente, lapidado à mão, e possui um osso de 30 centímetros já limpo). Resultado: uma conta de 30 mil pesos cubanos (em dólar, lógico) - o que equivale, na cotação oficial, a mais de R$ 7 mil. Já na cotação paralela, gira em torno de US$ 120 (R$ 650).

Sem dinheiro suficiente para quitar o valor - e sem a opção de pagar com cartão, já que Cuba tem sérias restrições no sistema bancário - o parlamentar teria se exaltado, segundo testemunhas, gritando impropérios como “merda de país” e “porcaria de cidade”. Acompanhado de uma mulher, Janones saiu do local e retornou minutos depois com o dinheiro para saldar a dívida.

A justificativa: nota protocolar e o velho “não foi bem assim”

Diante da repercussão, Janones soltou nota à imprensa. Disse que “em momento algum” discutiu com funcionários ou tentou “manchar” a imagem do restaurante. Segundo ele, o problema se deu porque “perdeu o dinheiro que havia levado” e precisou buscar mais no hotel ao lado. Um enredo conveniente, mas que não anula o fato de que o parlamentar, exaltado ou não, saiu de um jantar em fúria por não conseguir pagar uma conta - justamente no país que havia elogiado com tanto fervor horas antes. Detalhe: durante à noite, a parte das 22h os bares e restaurantes não aceitam mais pagamento em cartão, somente, em dólar americano. Pode?

A contradição: o socialista de Instagram e a realidade da ilha

Esse tipo de episódio é quase pedagógico. Ele ilustra uma dissonância cognitiva comum em parte da esquerda brasileira: defender com paixão regimes que não conhece de fato - ou, quando conhece, rapidamente rejeita. Janones é o protótipo do “socialista de boutique”: professa ideais revolucionários na internet, mas se espanta quando topa com a dura vida do socialismo real.

Havana, que ele descreveu como “horrível”, de fato lembra hoje cenários de guerra. A escassez, a degradação urbana e a pobreza são marcas de seis décadas de ditadura socialista. Mas essa realidade, fruto direto do regime que Janones elogia, parece ter lhe causado mais revolta que reflexão.

Hipocrisia recorrente: a esquerda que foge da própria utopia

Não é só Janones. José de Abreu, outro militante da esquerda tupiniquim, preferiu viver na Nova Zelândia. Fernando Haddad costuma passar férias na Europa. Outro exemplo hilário é o da socialista gaúcha, Manuela Pinto Vieira d'Ávila. Ela conta com orgulho que o enxoval da filha foi todo comprado nos EUA, o maior templum capitalista do mundo. E a militância universitária que grita contra o capitalismo nas redes sonha com visto para os Estados Unidos. Para todos eles, o socialismo é bonito - mas só do outro lado da tela. Na hora do lazer, da saúde, da moradia e do conforto, escolhem o bom e velho capitalismo do hemisfério norte.

Enquanto isso, os cubanos seguem presos ao cotidiano da escassez, da censura e do atraso. Sem poder sair do país. Sem direito de gritar “merda de país” em público - coisa que só um estrangeiro, protegido por imunidade parlamentar e passaporte diplomático, pode fazer sem ir parar na cadeia.

Conclusão: a farsa exposta em um jantar

O “piti” de Janones em Havana pode parecer apenas mais um devaneio temperamental do deputado, famoso por suas explosões e frases de efeito. Mas vai além: é a exposição crua e incontornável da hipocrisia ideológica que domina parte da política brasileira.

Entre uma garfada de tomahawk e outra, Janones provou do verdadeiro sabor do socialismo que tanto defende. E não gostou. Talvez agora, entre um discurso inflamado e outro, ele perceba a diferença entre romantizar uma ideologia e vivê-la na pele.

Mas não se anime: é mais fácil ele dar outra live do que admitir o fiasco.

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