O número de jovens brasileiros que deixam de lado o sonho do diploma universitário vem crescendo nos últimos anos. E, ao contrário do que se pensa, a decisão nem sempre está ligada exclusivamente a fatores sociais, como falta de estrutura familiar ou de oportunidades. Para muitos, o custo-benefício da educação formal já não compensa diante de um mercado de trabalho que oferece baixos salários e pouca estabilidade.
A nova geração questiona se vale a pena investir anos em um curso superior que não garante emprego e, muitas vezes, limita o potencial de renda. A falta de perspectiva em diversas áreas acaba desmotivando o interesse pelos estudos.
Outro fator relevante nesse cenário é o papel das redes sociais, que têm moldado novas ambições e trajetórias profissionais. Perfis que ganham notoriedade mostrando o cotidiano ou se especializando em nichos como moda e beleza podem faturar mais com uma única ação publicitária do que muitos profissionais conseguem em meses de trabalho. A ascensão de influenciadores digitais atrai cada vez mais jovens para o ambiente online.
Plataformas como Instagram, TikTok e YouTube se tornaram vitrines para quem busca não só fama, mas também oportunidades de negócio. Muitos empreendedores passaram a usar essas redes como ferramenta principal para atrair clientes. Estudos apontam que profissionais que divulgam seus serviços de forma estratégica nas redes sociais conseguem até 70% mais clientela do que aqueles que não utilizam esses canais.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até o final de 2022, 10,9 milhões de jovens brasileiros entre 15 e 29 anos não estavam trabalhando nem estudando. Isso representa 22,3% da população nessa faixa etária — ou seja, mais de um em cada cinco jovens está fora do mercado de trabalho e do sistema educacional.
Além disso, até mesmo entre os que concluem o ensino superior, a falta de inserção no mercado formal tem levado muitos a buscar fontes alternativas de renda. Profissionais com diploma universitário recorrem ao empreendedorismo, ou a aplicativos de prestação de serviço, como o Uber, que oferece flexibilidade, renda imediata e autonomia — benefícios difíceis de encontrar em empregos formais.
O desinteresse crescente por faculdades não reflete apenas dificuldades econômicas, mas aponta para uma mudança de mentalidade. Trata-se de um fenômeno que revela a capacidade de adaptação da juventude a um novo contexto social e tecnológico. Diante de um modelo tradicional que já não atende às expectativas, muitos preferem trilhar caminhos alternativos.
A popularização de influenciadores e criadores de conteúdo nas redes sociais, com estilos de vida marcados pelo luxo e pela liberdade, alimenta o desejo de muitos jovens de alcançar padrões semelhantes — algo que, dentro da realidade do trabalhador médio brasileiro, parece cada vez mais distante por meio dos estudos convencionais.
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