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Desemprego, informalidade e desinteresse: o retrato de um Brasil que parou de tentar

E mais uma vez

06/07/2025 às 12h18 Atualizada em 07/07/2025 às 11h07
Por: Carolina Vedovato Fonte: CAROLINA VEDOVATO
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Desemprego, informalidade e desinteresse: o retrato de um Brasil que parou de tentar

Com 10,2% de desemprego e mais da metade da população na informalidade, o Piauí expõe uma ferida nacional: o conformismo diante da crise e a falta de qualificação profissional.

A mais recente pesquisa do IBGE revelou uma realidade já conhecida, mas ainda ignorada por boa parte do país: o desemprego subiu em 12 estados brasileiros no primeiro trimestre de 2025. E mais uma vez, o Piauí figura entre os piores índices, com uma taxa de 10,2% de desempregados. Como se não bastasse, 54,6% da força de trabalho do estado está na informalidade, uma das mais altas do Brasil.

É um retrato alarmante. Mas ainda mais preocupante do que os números é a postura coletiva diante deles. A informalidade cresce não apenas pela falta de emprego formal, mas pela normalização do trabalho sem direitos, sem garantias e sem futuro. Em muitos lugares, especialmente no interior do país, não há mais expectativa de carteira assinada apenas a lógica da sobrevivência. Vende-se o que pode, faz-se o que aparece. E o amanhã é um problema para depois.

No Piauí, esse cenário se agrava pela ausência de oportunidades estruturadas e, muitas pessoas vem migrando para fora do estado a procura de oportunidades que não são oferecidas, existe muita gente bem qualificada e produtiva, mas as oportunidades são escassas e faz o estado perder pessoas que fariam a diferença nesse cenário.

Nunca se teve tanto acesso à informação como hoje. Quase todo brasileiro tem um celular nas mãos. Plataformas gratuitas de cursos, treinamentos técnicos, capacitações e até aulas universitárias estão disponíveis. Mas são ignoradas. O tempo é gasto no feed, não no futuro. A geração conectada tem conhecimento na palma da mão, mas falta a vontade de usá-lo para crescer.

Além disso vem crescendo cada vez mais a cultura do auxílio permanente os programas de assistência social têm um papel fundamental em momentos de vulnerabilidade. O problema está no uso permanente e conformado desses auxílios.

Não existe nenhum incentivo ou assistência para incentivar as pessoas a não dependerem de auxílios, vivem a vida toda dependendo e ainda passando essa dependência de geração em geração.

Milhares de pessoas passam anos dependendo de repasses governamentais, mesmo em idade produtiva e com saúde. Muitos recusam vagas que “pagam pouco” ou “exigem esforço” porque o auxílio, mesmo modesto, se tornou mais confortável e culturalmente aceito.

Isso não é só um problema econômico. É uma falência de perspectiva.

O Piauí é um retrato, mas não uma exceção. O Brasil, em muitas partes, está parando de sonhar. Parando de tentar. A crise de emprego é real, mas o desinteresse em reagir é tão preocupante quanto. Não se trata de culpar o povo, mas de provocar reflexão.

Qual o papel do indivíduo no seu próprio destino? O Estado deve garantir oportunidades, mas também é preciso esforço pessoal, curiosidade, vontade de mudar. Viver esperando por sorte ou favor político é abrir mão da autonomia.

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