O Estado brasileiro já lavou as mãos diante do avanço do narcotráfico. E pior: não apenas assiste, como ajuda a financiar o ciclo perverso de miséria, dependência química e violência que transforma cada esquina do país em uma nova Cracolândia. Dados recentes e um estudo de caso de Joinville (SC) expõem o absurdo de uma engrenagem estatal que transfere bilhões diretamente para traficantes, enquanto a população acredita estar ajudando os mais pobres.
Hoje, 323 mil famílias em situação de rua estão cadastradas no Bolsa Família — um aumento de mais de 4.200% em pouco mais de uma década. Dessas, grande parte é formada por usuários de drogas, muitos dos quais entregam seus cartões do benefício nas mãos do traficante local e voltam no fim do mês apenas para trocar por mais entorpecentes. O Estado fecha os olhos.
O relatório apresentado pelo vereador Mateus Batista (União) após comissão especial em Joinville é contundente: a política de renda mínima, ainda que essencial para mitigar a fome, não interrompe a dependência química, não restaura vínculos familiares nem facilita a reinserção no mercado de trabalho. Pelo contrário: alimenta a roda do vício e engorda a conta do tráfico. Nada disso foi prevista ao incluir os moradores de rua no programa? Ou foi tudo devidamente pensado?
Segundo o estudo, 36% dos moradores de rua entrevistados são usuários de drogas ilícitas. A entrega dos cartões do Bolsa Família nos CRAS ou Centros POP apenas garante o acesso da pessoa vulnerável… e do traficante ao dinheiro público.
Durante reunião com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Batista ouviu o que muitos consideraram um escárnio: que essas normas existem justamente para “manter a dignidade da dependência química”. Ou seja, mais importante do que resgatar o cidadão seria garantir que ele continue consumindo drogas com “dignidade”.
O próprio governo federal flexibilizou toda a burocracia para que moradores de rua sem documentos ou endereço fixo pudessem receber os benefícios. As famílias unipessoais — muitas das quais na rua — já somam mais de 5,8 milhões, consumindo mais de R$ 1 bilhão anuais.
Para o vereador, o que temos é nada menos que um “esquema de transferência bilionária do governo para o tráfico”. E não faltam parlamentares que ecoem essa preocupação em Brasília, como os deputados Kim Kataguiri (União) e Jorge Seif (PL), que já articulam audiências públicas para rever a legislação.
Enquanto isso, o governo Lula defende as medidas em nome da “inclusão social”. Mas que inclusão é essa, que não trata a dependência química, não exige contrapartidas e, no final, enche os bolsos do crime organizado?
É uma pergunta incômoda, mas urgente. Sem corrigir os erros da política social, o Estado brasileiro estará cada vez mais condenado a financiar a degradação urbana, alimentar a violência e transformar bairros inteiros em campos de miséria.
Por ora, a engrenagem roda, silenciosa e bilionária. O governo deposita. O dependente transfere. O traficante agradece.
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