O Brasil sofreu mais uma derrota estratégica no cenário econômico internacional. Após o impasse no acordo entre Mercosul e União Europeia, agora foi a Embraer quem amargou um revés diante da francesa Airbus. A estatal polonesa LOT optou por adquirir até 84 aeronaves modelo A220 da fabricante europeia, em um contrato que pode chegar a US$ 2,7 bilhões — valor que representa milhares de empregos e bilhões de dólares que deixam de circular na economia brasileira.
Embora tecnicamente superior, segundo especialistas, a proposta da Embraer foi desclassificada. A decisão, ainda que não assumidamente política, está inserida em um contexto delicado: a França é acionista da Airbus e o presidente Emmanuel Macron tem interesse direto no fortalecimento da empresa. Ao mesmo tempo, o Brasil tem se distanciado de potências ocidentais, especialmente após a visita recente de autoridades brasileiras à Rússia e a participação em eventos ao lado de líderes autoritários.
A escolha da Polônia, país alinhado aos Estados Unidos e crítico à atuação da Rússia na guerra da Ucrânia, reflete não apenas uma questão comercial, mas também um posicionamento geopolítico. Perder esse contrato significa muito mais do que uma queda nas exportações — compromete empregos qualificados, afeta a balança comercial e aprofunda o processo de desindustrialização do país, que já ameaça outros gigantes do setor, como a Avibras.
No comércio global, oferecer o melhor produto ao menor custo já não basta. É preciso aliar competitividade à diplomacia e confiabilidade internacional. Enquanto isso, a população brasileira sente os efeitos de uma política externa mal calibrada: menos produção, menos empregos e mais dependência de commodities. A derrota no campo da aviação revela que a verdadeira justiça social nasce do desenvolvimento econômico — e não apenas do discurso.
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