José Miguel Castro, ex-servidor público e principal delator do esquema de corrupção envolvendo a Odebrecht no Peru, foi encontrado morto no último domingo (29), em sua residência no distrito de Miraflores, em Lima. Aos 51 anos, Castro cumpria prisão domiciliar e era considerado testemunha-chave no processo contra a ex-prefeita de Lima, Susana Villarán, acusada de receber milhões em propinas da Odebrecht e da OAS.
De acordo com a polícia, o corpo de Castro foi achado no banheiro da casa com um corte profundo no pescoço, ao lado de duas facas com sangue. A perícia investiga se a porta do banheiro foi arrombada, o que levanta suspeitas de possível envolvimento de terceiros. A Divisão de Homicídios da Polícia Nacional assumiu o caso e não descarta que o assassinato esteja relacionado ao depoimento que Castro daria em setembro, no julgamento de Villarán.
Castro havia firmado acordo de colaboração premiada com o Ministério Público peruano e era peça central nas investigações sobre o financiamento ilegal de campanhas políticas entre 2011 e 2014. O depoimento dele apontava que empresas brasileiras teriam pago mais de US$ 10 milhões em subornos em troca de favorecimento em grandes contratos de obras públicas.
Em nota, o Ministério Público lamentou a morte e garantiu que os depoimentos e provas apresentados por Castro seguem válidos e continuarão sendo utilizados no processo judicial. O escândalo da Odebrecht no Peru é um dos maiores desdobramentos internacionais da operação Lava Jato, e o assassinato do colaborador pode ter impacto significativo no rumo das investigações.
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