O governo Lula 3 tem demonstrado um preocupante padrão de descaso em diversas áreas - da condução econômica à política internacional. Um dos exemplos mais alarmantes dessa negligência é a situação crítica dos brasileiros retidos no Irã, onde o Brasil, desde janeiro de 2025, está sem um embaixador em atuação.
O que poderia parecer apenas uma omissão burocrática revela-se agora uma crise humanitária em desenvolvimento. Com o agravamento do conflito entre Israel e o Irã, o espaço aéreo iraniano foi fechado, impossibilitando a saída de dezenas de brasileiros que vivem ou visitavam o país. Em busca de ajuda, cerca de 30 cidadãos brasileiros procuraram a embaixada em Teerã, mas, em vez de auxílio, encontraram portas fechadas - ou melhor, uma representação acéfala e desprovida de liderança diplomática capaz de agir.
O drama do abandono
Os relatos feitos à imprensa indicam que os funcionários da embaixada brasileira no Irã informaram os brasileiros em risco de que nada poderia ser feito até a chegada do novo embaixador, André Veras Guimarães - que só deve desembarcar no país no dia 26 de junho. Isso mesmo: enquanto o Oriente Médio pega fogo e vidas estão em risco, o Itamaraty age como se a urgência diplomática fosse algo opcional.
A ausência de comando não é pontual. Desde a aposentadoria do embaixador Eduardo Gradilone, em janeiro, o Brasil optou por deixar o posto vazio por quase seis meses. O governo Lula, que tanto se apressa em criticar Israel e em defender publicamente o regime teocrático dos aiatolás iranianos, mostrou-se incapaz de garantir sequer o mínimo para seus próprios cidadãos presos em uma zona de conflito: a possibilidade de evacuação segura.
Política externa descompassada
O que torna o cenário ainda mais contraditório é a postura do governo Lula em relação ao Irã. Publicamente, o governo brasileiro tem assumido uma retórica diplomática simpática ao regime dos aiatolás, classificando o Irã como um dos líderes do chamado “eixo de resistência islâmica a Israel”, como divulgou recentemente a própria Agência Brasil, em texto oficial.
Mesmo com essa aproximação ideológica, o governo brasileiro falhou no básico: garantir a presença e o funcionamento pleno de sua missão diplomática em um país instável. Não há lógica - nem estratégica, nem humanitária - que justifique tamanha negligência.
A situação é semelhante em Israel, onde o governo brasileiro também não mantém mais representação diplomática de alto nível. O último embaixador foi retirado em maio de 2024, depois de o presidente Lula fazer declarações polêmicas e ofensivas ao governo israelense, chegando a comparar o país às práticas do regime nazista. Como resposta, foi declarado persona non grata pelo Estado de Israel, aprofundando o isolamento diplomático do Brasil.
E os brasileiros?
Enquanto Lula promove retórica inflamável nos palanques internacionais, cidadãos brasileiros estão encurralados em Teerã, sem ter como sair e sem respaldo do governo que deveria protegê-los. A representação diplomática, que deveria servir como ponto de apoio e evacuação em situações de crise, virou uma sala de espera para a chegada de um diplomata nomeado tarde demais.
A embaixada brasileira tem telefone, tem internet, tem funcionários. O que falta, no entanto, é vontade política e organização. Se um embaixador já foi nomeado, por que não atua desde o exterior para coordenar ações urgentes de retirada? Por que o governo não ativou mecanismos de emergência para proteger seus cidadãos no exterior?
Silêncio e omissão
Até o momento, o Itamaraty não respondeu oficialmente às solicitações da imprensa sobre o plano de retirada dos brasileiros do Irã. A impressão que fica é de um governo mais preocupado em preservar alianças ideológicas do que cumprir seu dever constitucional de garantir a segurança de seus cidadãos.
O caso de Teerã é apenas mais um exemplo - e talvez o mais grave - de como a política externa do governo Lula 3 é marcada pela incoerência, improviso e descaso com os brasileiros. Um governo que se mostra tão hábil para gastar como se não houvesse amanhã, mas que falha no básico: estar presente onde mais importa, quando mais se precisa.
Enquanto isso, brasileiros aguardam. A cada dia que passa, cresce o risco - e diminui a esperança.
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