O relacionamento proibido entre a vereadora Tatiana Medeiros e o líder de facção criminosa Alandilson Cardoso, mantido por videochamadas enquanto ambos estavam detidos em prisões distintas, começa a gerar consequências jurídicas graves. Tatiana, presa inicialmente na Sala de Estado Maior do Quartel do Comando Geral (QCG) da Polícia Militar do Piauí, e Alandilson, encarcerado em uma cela de presídio na região metropolitana de Belo Horizonte, utilizavam celulares clandestinos para manter contato.
Essa prática ilegal levou a Justiça a autorizar a transferência de Alandilson para um presídio federal, com a Penitenciária Federal de Mossoró (Rio Grande do Norte) entre as opções mais prováveis - unidade esta que possui histórico de fuga, o que levanta preocupações sobre a segurança no sistema prisional. A escolha definitiva da unidade caberá à administração penitenciária.
A decisão foi fundamentada no cometimento de falta disciplinar grave por parte de Alandilson, que incluiu o uso não autorizado de celular dentro da cela, facilitando a comunicação com a vereadora. A Polícia Federal, em investigação que apura o envolvimento da parlamentar com atividades criminosas, extraiu dados telefônicos que comprovaram a continuidade das videochamadas durante o período em que Tatiana esteve presa no QCG.
Alandilson Cardoso Passos, considerado líder de facção e preso desde novembro de 2024, foi capturado em Belo Horizonte após ser localizado em um hotel durante operação do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico no Piauí (Denarc). Ele é investigado por tráfico de drogas, roubo qualificado e posse irregular de armas, entre outros crimes graves.
Com a transferência, Alandilson passará a cumprir o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), regime prisional que impõe severas restrições a detentos considerados de alta periculosidade ou envolvidos em crimes graves dentro do sistema. Entre as regras do RDD estão: isolamento em cela individual, restrição severa de visitas, proibição de contato físico, monitoramento rígido das comunicações e limitações na participação em atividades coletivas.
Por sua vez, Tatiana Medeiros também pode sofrer sanções por violar as condições da prisão especial, podendo perder o benefício e voltar ao sistema prisional, possivelmente para uma unidade comum, salvo decisão judicial em contrário. A postura da Justiça evidencia um endurecimento no combate às práticas criminosas dentro dos presídios e à conivência de agentes públicos com essas ações.
Este caso chama atenção para as vulnerabilidades do sistema prisional brasileiro, que ainda permite a comunicação ilícita entre detentos e o mundo externo, especialmente entre líderes de organizações criminosas. A transferência para presídios federais e a imposição do RDD são medidas consideradas necessárias para tentar conter a influência dessas facções e evitar que o crime organizado continue comandando operações mesmo do cárcere.
No cenário político, o envolvimento da vereadora em práticas ilegais fortalece o debate sobre o controle e a fiscalização dos agentes públicos, levantando questionamentos sobre corrupção, uso indevido do poder e as ramificações das organizações criminosas no aparato estatal. Vale destacar que até agora ainda não foi devidamente esclarecido o episódio da entrada do aparelho celular na cela de Tatiana e nem tão pouco a pessoa que cometeu esse crime.
A movimentação da Justiça, portanto, é um sinal claro de que abusos no sistema prisional e conexões ilícitas entre políticos e criminosos não serão mais tolerados, sob pena de punições severas e perda de benefícios judiciais.
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