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Lula e Macron: o abraço dos afogados

Presidentes de Brasil e França compartilham mais que sorrisos diplomáticos - dividem o fardo da rejeição popular e a incapacidade de encarar as ruas

09/06/2025 às 07h46
Por: Douglas Ferreira
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Macron e Lula: é com se diz: abraço de afogados na impopularidade - Foto: Reprodução
Macron e Lula: é com se diz: abraço de afogados na impopularidade - Foto: Reprodução

Entre beijos protocolares, apertos de mão e jantares requintados, Lula e Macron trocam elogios como velhos camaradas. Mas por trás do verniz da diplomacia, há um elo invisível que os une de forma muito mais real: a impopularidade crônica. Ambos são presidentes em crise com seus próprios povos - reprovados, rejeitados e rejeitáveis aos olhos de milhões de eleitores.

Segundo a mais recente pesquisa Quaest, Lula amarga 57% de rejeição no Brasil. Macron, ainda mais afundado, ostenta estonteantes 73% de repulsa entre os franceses, de acordo com o instituto Odoxa. É o retrato de uma democracia que cobra, critica e, mais do que nunca, não se deixa seduzir por discursos desconectados da realidade.

Presidentes de vidro: não enfrentam as ruas

Tanto o brasileiro quanto o francês só aparecem em “eventos controlados”, blindados por equipes de segurança e cercados de simpatizantes selecionados a dedo. Um passeio espontâneo pelas ruas de Paris ou de Brasília seria, hoje, um ato de temeridade - não por ameaça física, mas pelo tsunami de vaias, cartazes e câmeras prontas para registrar a vergonha pública.

Macron virou símbolo de um elitismo arrogante, distante das angústias da França profunda. Desde a impopular reforma da previdência, coleciona protestos, greves e uma imagem corroída. Já Lula, apesar da retórica social e das promessas de “reconstrução”, vive um governo engessado por alianças fisiológicas, escândalos reincidentes e uma economia que cambaleia entre improvisos e ilusões fiscais.

Populismo de boutique e discursos reciclados

Ambos ainda tentam se vender como líderes progressistas, defensores da democracia e dos direitos humanos. Mas o eleitor médio parece ter percebido que, por trás dos slogans, o que resta é mais do mesmo: populismo com verniz intelectual, políticas de efeito imediato e uma máquina estatal que favorece grupos organizados em detrimento da população real - aquela que paga impostos, depende de serviços públicos e clama por segurança.

Na França, 84% dos cidadãos querem virar a página de Macron. No Brasil, 66% não querem Lula sequer como candidato em 2026. Se houvesse um “índice de fadiga democrática”, os dois seriam campeões incontestes. E ainda assim, em uma espécie de dança das vaidades, continuam promovendo encontros diplomáticos que mais parecem atos de autoengano do que projetos de cooperação bilateral.

O silêncio da imprensa e o grito das redes

A imprensa tradicional, sobretudo no Brasil, trata essa rejeição generalizada com indiferença ou silêncio. Salvo raras exceções, como o colunista Cláudio Humberto, poucos tocam no desconforto de ver dois líderes tão impopulares desfilando juntos sob o manto da “solidariedade internacional”. As redes sociais, por outro lado, não perdoam - expõem, ironizam e questionam.

A realidade é dura, mas necessária: a rejeição de Lula e Macron não é uma coincidência, é sintoma. Sintoma de governos que não entregam, que não ouvem, e que ainda acreditam que o marketing substitui a gestão. Não substitui. A democracia tem memória - e, cada vez mais, voz.

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A NOTÍCIA E O FATO
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Sobre Douglas Ferreira é multimídia. Além de jornalista, é bacharel em Direito. Foi repórter da TV Clube, afiliada da Rede Globo, por 10 anos e, em Caxias, no Maranhão, apresentou o programa “Fala Caxias”. Fundou e dirigiu por seis anos a Folha do Cocais. Foi secretário de Comunicação da Prefeitura de Caxias e retornou a Teresina como âncora da TV Meio Norte. Por 20 anos, reportou e apresentou na TV Antena 10, afiliada da Record. Também foi assessor de imprensa do Tribunal de Justiça do Piauí e passou por rádios e pelos maiores portais do Estado. Sua vida é o jornalismo. No Sistema Move de Comunicação, foi editor do Portal Move Notícias e apresentador do Business Cast, do canal movetvweb no YouTube. Agora, está à frente do Gazeta Hora1.
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