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Teresina, PI

Justiça DENUNCIADA

Tatiana Medeiros é denunciada por crimes que somam até 500 anos de prisão

Vereadora do PSB permanece presa preventivamente desde 3 de abril e é acusada de corrupção eleitoral, lavagem de dinheiro, peculato e associação com facção criminosa; outras oito pessoas também foram denunciadas

13/05/2025 às 11h26
Por: Douglas Ferreira
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Tatiana Medeiros continua presa e deve aguardar os desdobramentos da ação judicial sob a custódia do Estado - Foto: Reprodução
Tatiana Medeiros continua presa e deve aguardar os desdobramentos da ação judicial sob a custódia do Estado - Foto: Reprodução

O Ministério Público Eleitoral (MPE) denunciou nesta segunda-feira (12) a vereadora Tatiana Medeiros (PSB) e mais oito pessoas por uma série de crimes relacionados ao processo eleitoral de 2024. A parlamentar está presa preventivamente desde o dia 3 de abril, por decisão judicial no âmbito da Operação Escudo Eleitoral, que investiga um esquema de corrupção e manipulação do processo eleitoral.

A denúncia foi apresentada pelo promotor João Batista de Castro Filho, da 98ª Zona Eleitoral de Teresina, e aponta que a parlamentar teria liderado uma organização criminosa voltada à compra de votos, desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e uso indevido de uma organização não governamental como fachada para ações ilícitas.

A soma das penas máximas previstas para os crimes atribuídos à vereadora ultrapassa 500 anos de reclusão, embora, conforme a legislação brasileira, o tempo máximo de prisão efetiva não possa ultrapassar 40 anos.

Entre os crimes atribuídos a Tatiana Medeiros estão 103 casos de corrupção eleitoral, 12 de peculato, além de falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e associação criminosa. A denúncia também envolve familiares, assessores e um suposto integrante de facção criminosa, acusado de atuar no financiamento ilícito da campanha.

Denunciados

Além de Tatiana Medeiros, foram denunciados:

  • Stênio Ferreira Santos - padrasto da vereadora, acusado de lavagem de dinheiro, apropriação indébita e prática de rachadinha;

  • Alandilson Cardoso Passos - namorado da vereadora, apontado como integrante de facção criminosa e responsável pelo financiamento ilícito da campanha;

  • Maria Odélia Medeiros - mãe da vereadora e presidente do Instituto Vamos Juntos, usada como fachada para aliciamento de eleitores;

  • Emanuelly Melo, Bianca Medeiros, Lucas Sena, Bruna Sousa e Sávio França - assessores e colaboradores acusados de participação direta ou indireta no esquema.

ONG como fachada

Segundo o Ministério Público, o centro do esquema seria o Instituto Vamos Juntos, presidido por Maria Odélia Medeiros, mãe de Tatiana. A ONG, que deveria se dedicar a ações sociais, teria sido utilizada para captar dados de eleitores e oferecer benefícios como cestas básicas e promessas de emprego em troca de votos.

De acordo com a denúncia, a movimentação financeira da entidade aumentou em 1.180% no ano eleitoral. Em um dos casos, foram identificadas transferências de R$ 201 mil para o padrasto da vereadora, supostamente para bancar despesas de campanha.

Esquema de rachadinha e ligação com facção

Stênio Ferreira Santos, então funcionário da Assembleia Legislativa do Piauí (ALEPI), é acusado de praticar rachadinha, repassando parte de seu salário à vereadora. Já Alandilson Cardoso Passos, namorado de Tatiana e apontado como integrante de uma facção criminosa, teria usado dinheiro de origem ilícita para financiar a campanha eleitoral da vereadora.

Em conversas interceptadas pela polícia com autorização judicial, Alandilson menciona a venda de uma Land Rover para quitar dívidas de campanha. Em uma das ligações, ele afirma: “Com a eleição de Tatiana, teria uma vereadora na câmara para ajudar”.

Penalidades e desdobramentos

O Ministério Público também incluiu na denúncia a sugestão de multas, perda de mandato e reparação de danos ao erário público. Tatiana Medeiros permanece presa preventivamente e deve aguardar o desdobramento da ação judicial sob custódia.

Até o momento, nem o PSB nem a Câmara Municipal de Teresina emitiram posicionamento oficial sobre a situação da vereadora. A defesa de Tatiana também não se manifestou até a publicação desta matéria.

O processo segue agora para análise da Justiça Eleitoral, que decidirá sobre o recebimento da denúncia e o eventual início da ação penal.

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