O Ministério Público Eleitoral (MPE) denunciou nesta segunda-feira (12) a vereadora Tatiana Medeiros (PSB) e mais oito pessoas por uma série de crimes relacionados ao processo eleitoral de 2024. A parlamentar está presa preventivamente desde o dia 3 de abril, por decisão judicial no âmbito da Operação Escudo Eleitoral, que investiga um esquema de corrupção e manipulação do processo eleitoral.
A denúncia foi apresentada pelo promotor João Batista de Castro Filho, da 98ª Zona Eleitoral de Teresina, e aponta que a parlamentar teria liderado uma organização criminosa voltada à compra de votos, desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e uso indevido de uma organização não governamental como fachada para ações ilícitas.
A soma das penas máximas previstas para os crimes atribuídos à vereadora ultrapassa 500 anos de reclusão, embora, conforme a legislação brasileira, o tempo máximo de prisão efetiva não possa ultrapassar 40 anos.
Entre os crimes atribuídos a Tatiana Medeiros estão 103 casos de corrupção eleitoral, 12 de peculato, além de falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e associação criminosa. A denúncia também envolve familiares, assessores e um suposto integrante de facção criminosa, acusado de atuar no financiamento ilícito da campanha.
Além de Tatiana Medeiros, foram denunciados:
Stênio Ferreira Santos - padrasto da vereadora, acusado de lavagem de dinheiro, apropriação indébita e prática de rachadinha;
Alandilson Cardoso Passos - namorado da vereadora, apontado como integrante de facção criminosa e responsável pelo financiamento ilícito da campanha;
Maria Odélia Medeiros - mãe da vereadora e presidente do Instituto Vamos Juntos, usada como fachada para aliciamento de eleitores;
Emanuelly Melo, Bianca Medeiros, Lucas Sena, Bruna Sousa e Sávio França - assessores e colaboradores acusados de participação direta ou indireta no esquema.
Segundo o Ministério Público, o centro do esquema seria o Instituto Vamos Juntos, presidido por Maria Odélia Medeiros, mãe de Tatiana. A ONG, que deveria se dedicar a ações sociais, teria sido utilizada para captar dados de eleitores e oferecer benefícios como cestas básicas e promessas de emprego em troca de votos.
De acordo com a denúncia, a movimentação financeira da entidade aumentou em 1.180% no ano eleitoral. Em um dos casos, foram identificadas transferências de R$ 201 mil para o padrasto da vereadora, supostamente para bancar despesas de campanha.
Stênio Ferreira Santos, então funcionário da Assembleia Legislativa do Piauí (ALEPI), é acusado de praticar rachadinha, repassando parte de seu salário à vereadora. Já Alandilson Cardoso Passos, namorado de Tatiana e apontado como integrante de uma facção criminosa, teria usado dinheiro de origem ilícita para financiar a campanha eleitoral da vereadora.
Em conversas interceptadas pela polícia com autorização judicial, Alandilson menciona a venda de uma Land Rover para quitar dívidas de campanha. Em uma das ligações, ele afirma: “Com a eleição de Tatiana, teria uma vereadora na câmara para ajudar”.
O Ministério Público também incluiu na denúncia a sugestão de multas, perda de mandato e reparação de danos ao erário público. Tatiana Medeiros permanece presa preventivamente e deve aguardar o desdobramento da ação judicial sob custódia.
Até o momento, nem o PSB nem a Câmara Municipal de Teresina emitiram posicionamento oficial sobre a situação da vereadora. A defesa de Tatiana também não se manifestou até a publicação desta matéria.
O processo segue agora para análise da Justiça Eleitoral, que decidirá sobre o recebimento da denúncia e o eventual início da ação penal.
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