O presidente Donald Trump, agora em seu segundo mandato e em pleno exercício do cargo, começou a colocar em prática uma das promessas mais polêmicas de sua campanha: excluir militares transgêneros das Forças Armadas dos Estados Unidos. Nesta quinta-feira (9), o Departamento de Defesa iniciou o desligamento de cerca de mil militares com diagnóstico de disforia de gênero, após aval da Suprema Corte que autorizou o governo a restringir a presença dessas pessoas no serviço ativo.
A medida estabelece um prazo de 30 dias para saída voluntária de militares que ainda não completaram a transição de gênero ou que tenham se declarado transgêneros após diagnóstico clínico. Segundo dados da CNN Internacional, mais de 4.200 militares com esse perfil ainda estavam em atuação até dezembro de 2024.
Esta política, agora efetivada, retoma integralmente a diretriz do primeiro mandato de Trump, que havia sido suspensa por ações judiciais durante o governo Biden. A decisão da Suprema Corte, entretanto, devolveu ao presidente plenos poderes para implementar a medida - o que ele fez de imediato.
O porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, confirmou que o processo será feito de forma voluntária e administrativa, sem perseguição individualizada. Já o secretário de Defesa, Pete Hegseth, declarou em vídeo: “Estamos simplesmente cumprindo a determinação do presidente, agora respaldada pelo Supremo Tribunal”.
O atual movimento de Trump não é surpresa, mas a consolidação de uma promessa que ecoa profundamente entre seus eleitores mais fiéis. A exclusão de militares transgêneros das Forças Armadas sempre foi um anseio da ala mais conservadora do eleitorado republicano, especialmente entre religiosos, tradicionalistas e setores militares que defendem uma estrutura rígida, sem o que consideram “interferências ideológicas”.
Ao efetivar a medida, Trump reforça sua identidade política: a de um presidente que cumpre promessas, enfrenta pautas progressistas e desafia abertamente a militância LGBTQIA+ e seus aliados. A mensagem enviada à sua base é clara: “estamos retomando os valores tradicionais das Forças Armadas”.
Por outro lado, a medida também gera fortes reações dentro e fora dos EUA. Organizações de direitos humanos denunciam a exclusão como uma forma de discriminação institucionalizada, que ignora o histórico de serviço e comprometimento de milhares de militares. Especialistas em defesa alertam ainda que a decisão pode prejudicar o recrutamento e afetar a diversidade e a coesão das tropas, num momento em que os EUA enfrentam desafios geopolíticos complexos.
Além disso, há vozes dentro das próprias Forças Armadas que questionam a decisão. Para muitos oficiais de carreira, identidade de gênero não compromete competência militar - e a exclusão de bons profissionais por causa disso pode minar a eficiência operacional.
A exclusão de militares trans é um marco político e simbólico do segundo mandato de Donald Trump. Ela reafirma seu compromisso com a agenda conservadora, mobiliza sua base e marca uma ruptura profunda com as políticas inclusivas da era Obama-Biden. Mas também impõe um custo: tanto em termos de imagem internacional quanto de estabilidade interna.
Mais do que uma decisão administrativa, trata-se de uma declaração ideológica clara. O presidente cumpre o que prometeu - mas o preço dessa lealdade à tradição ainda será medido nos quartéis, nas urnas e na história.
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