Em tempos de guerra comercial entre Estados Unidos e China, as paixões ideológicas costumam falar mais alto do que os fatos. A esquerda, com sua devoção quase religiosa a qualquer regime que se oponha aos EUA, corre para defender o ditador chinês. A direita, por sua vez, se apressa em idolatrar Trump como um gênio da geopolítica. No meio disso tudo, fica a pergunta: o tarifaço promovido por Donald Trump é um ato irracional de protecionismo ou uma medida legítima para corrigir um desequilíbrio histórico no comércio internacional?
A Metáfora do Garçom
Talvez a forma mais divertida e reveladora de explicar essa guerra tarifária seja por meio de uma caricatura que circula pelas redes sociais:
"Imagine uma festa luxuosa num grande salão. Os convidados? Os países do mundo. O garçom? Os Estados Unidos. Durante décadas, esse garçom serviu champanhe, caviar e quitutes importados, tudo fiado. Os convidados brindavam, dançavam, aplaudiam a generosidade americana - e ainda reclamavam da temperatura do vinho.
Até que, um dia, o garçom cansou. Trocou o fraque por uma jaqueta jeans, pegou o microfone da banda e disse: ‘A partir de agora, cada um paga o que consome - e se quiser vender aqui, vai ter que comprar também.’
O salão silenciou. Os especuladores derrubaram as taças, os burocratas cuspiram o foie gras. A orquestra do mercado financeiro desafinou. O garçom virou o vilão. Mas no fundo, todos sabiam: a festa estava cara demais - só que ninguém queria ser o primeiro a ir embora".
Reciprocidade não é crime
A política tarifária de Trump pode até ser incômoda, mas está longe de ser irracional. A ideia central é simples: se você quer vender para os EUA, também precisa abrir seu mercado para produtos americanos. Parece justo, certo? Mas o mundo se acostumou com a generosidade norte-americana financiando seus próprios déficits, enquanto outros países colhiam superávits com exportações fáceis. Quando esse ciclo é interrompido, a reação não poderia ser outra: histéria.
Reindustrialização e empregos
Para além da retórica, há uma estratégia clara por trás do tarifaço: a reindustrialização dos EUA. Trump não quer apenas punir a China, mas sim atrair de volta as indústrias que migraram para o exterior em busca de mão de obra barata e regulação frouxa. É uma tentativa de recuperar empregos perdidos e fortalecer a base produtiva do país. Não se trata de fechar fronteiras, mas de exigir algo que o mundo não está acostumado a dar: reciprocidade.
Conclusão: O fim da mamata global?
Quando o garçom resolve cobrar a conta, os parasitas se desesperam. A guerra tarifária entre EUA e China está longe de ser um capricho ou um surto protecionista. É uma estratégia deliberada que, goste-se ou não de Trump, levanta uma discussão incômoda: por quanto tempo mais os EUA devem bancar a festa global? Talvez seja mesmo a hora do mundo aprender a pagar sua própria conta.
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