Quinta, 17 de Abril de 2025
30°

Tempo nublado

Teresina, PI

Justiça DESSERVIÇO PERIGOSO

O presente de Lewandowski às facções e o silêncio cúmplice do governo Lula

Ao retirar a PRF do combate integrado ao crime, ministro da Justiça vira alvo de críticas de procuradores e senadores; decisão é vista como recuo no enfrentamento ao narcotráfico e às facções

10/04/2025 às 20h03
Por: Douglas Ferreira
Compartilhe:
Lewandowiski defende a retirada da PRF das forças-tarefa de combate ao crime organizado mas não convence - Foto: Reprodução
Lewandowiski defende a retirada da PRF das forças-tarefa de combate ao crime organizado mas não convence - Foto: Reprodução

O ministro da Justiça de Lula, Ricardo Lewandowski, acaba de prestar um desserviço histórico à segurança pública do Brasil. E não foi por omissão - foi por convicção. Em plena audiência no Senado, Lewandowski defendeu a exclusão da Polícia Rodoviária Federal (PRF) das forças-tarefa de combate ao crime organizado. Isso mesmo: o titular da pasta da Justiça quer tirar das ruas uma das instituições que mais atuam no enfrentamento ao tráfico, ao contrabando e às facções criminosas.

O ministro não só defende publicamente a medida como a justifica com um argumento juridicamente frágil e politicamente temerário: segundo ele, a PRF estaria “extrapolando suas atribuições constitucionais”. Como se o crime organizado, hoje nacionalizado e digitalizado, respeitasse as fronteiras entre rodovia, favela ou gabinete.

Na prática, o que Lewandowski propõe é desarticular uma das principais engrenagens da repressão ao crime organizado, desmontando a cooperação entre a PRF, o Ministério Público e as polícias Federal e Civil. A quem serve essa proposta? Ao cidadão que tem medo de sair de casa? Aos agentes de segurança que arriscam a vida nas estradas? Ao erário corroído por esquemas de tráfico e lavagem? Ou será que a proposta atende, direta e indiretamente, aos interesses das facções que lucram com o caos e com a ausência do Estado?

O procurador da República Helio Telho não deixou margem à dúvida:

“Retirar a PRF do apoio aos Gaecos é um belo presente para o PCC e o Comando Vermelho”.

É esse o papel de um ministro da Justiça? Facilitar a vida de criminosos em nome de uma leitura estreita da Constituição? Submeter a segurança pública nacional ao tecnicismo burocrático, enquanto o país assiste ao avanço do crime nas fronteiras, nas estradas e nos centros urbanos?

O senador Sergio Moro também foi direto:

“Não precisa de PEC para resolver a segurança pública. Precisa de vontade política. E o que vemos é o contrário: um governo desmontando o que funciona para vender a ilusão de uma reforma”.

A proposta de Lewandowski não é uma gafe. É um projeto. Um projeto de desmobilização da força policial que mais tem incomodado o tráfico e o crime interestadual. É, por que não dizer, uma política deliberada de enfraquecimento institucional em nome de um falso respeito à legalidade - e isso em um país onde o crime se moderniza mais rápido que o Estado.

A pergunta que não cala: por que o governo Lula quer limitar a atuação de quem combate o crime? Por que escolher restringir quem tem resultado prático? Por que desconstruir parcerias entre instituições sérias e operantes? Qual o interesse por trás dessa escolha?

Lewandowski chegou a citar, com ar de espanto, a presença da PRF em uma megaoperação na Cracolândia, em São Paulo, como se fosse um escândalo. Pois eu pergunto: escândalo é a PRF atuar onde o tráfico comanda ou é o governo tentar impedir que ela atue?

A PEC da Segurança Pública, apresentada pelo mesmo ministro, tenta maquiar com linguagem constitucional o que na prática é um retrocesso. O texto quer transformar a PRF em uma “Polícia Viária Federal”, como se o problema do Brasil fosse excesso de atuação contra o crime e não a sua total capilaridade. Soa como deboche.

A proposta de Lewandowski - endossada pelo silêncio de Lula - expõe a face mais grave desse governo: a disposição de ceder terreno ao crime sob o pretexto de reorganizar estruturas. Não se combate crime de gabinete. E definitivamente não se combate crime enfraquecendo quem está na linha de frente.

No fim das contas, o Brasil não precisa de um “freio de arrumação”. Precisa é de coragem, responsabilidade e compromisso com o cidadão honesto. Coisas que, infelizmente, o atual governo, em especial, o Ministério da Justiça parece ter abandonado.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
A NOTÍCIA E O FATO
A NOTÍCIA E O FATO
Sobre Douglas Ferreira é multimídia. Além de jornalista, é bacharel em Direito. Foi repórter da TV Clube, afiliada da Rede Globo, por 10 anos e, em Caxias, no Maranhão, apresentou o programa “Fala Caxias”. Fundou e dirigiu por seis anos a Folha do Cocais. Foi secretário de Comunicação da Prefeitura de Caxias e retornou a Teresina como âncora da TV Meio Norte. Por 20 anos, reportou e apresentou na TV Antena 10, afiliada da Record. Também foi assessor de imprensa do Tribunal de Justiça do Piauí e passou por rádios e pelos maiores portais do Estado. Sua vida é o jornalismo. No Sistema Move de Comunicação, foi editor do Portal Move Notícias e apresentador do Business Cast, do canal movetvweb no YouTube. Agora, está à frente do Gazeta Hora1.
Teresina, PI Atualizado às 11h08 - Fonte: ClimaTempo
30°
Tempo nublado

Mín. 24° Máx. 36°

Sex 34°C 21°C
Sáb 35°C 22°C
Dom 30°C 23°C
Seg 32°C 22°C
Ter 33°C 22°C
Horóscopo
Áries
Touro
Gêmeos
Câncer
Leão
Virgem
Libra
Escorpião
Sagitário
Capricórnio
Aquário
Peixes