A política comercial do ex-presidente Donald Trump volta a abalar o cenário econômico global com uma nova investida protecionista: a possível taxação da madeira importada. Após já ter imposto tarifas sobre o aço e o alumínio brasileiros, agora a indústria madeireira entra na mira do governo americano, com implicações diretas para o Brasil, Canadá, Alemanha e outros grandes exportadores do setor.
A medida faz parte de uma estratégia mais ampla de Trump para reduzir a dependência dos EUA de produtos estrangeiros e fortalecer a produção interna, mas levanta questões sobre os impactos dessa abordagem no comércio global.
Desde sua primeira gestão, Donald Trump adotou uma postura abertamente protecionista, justificando tarifas como forma de conter o dumping e garantir a segurança econômica dos EUA. A nova investigação comercial, conduzida pelo secretário de Comércio Howard Lutnick com base na Seção 232 do Trade Expansion Act de 1962, busca avaliar o impacto das importações de madeira sobre a economia e a segurança nacional americanas.
Segundo Peter Navarro, ex-assessor comercial da Casa Branca, países como Brasil e Canadá estariam “despejando madeira no mercado americano, prejudicando a prosperidade econômica e a indústria local”. O argumento é semelhante ao utilizado para justificar tarifas sobre aço e alumínio, e reflete a visão de Trump de que os EUA devem reduzir sua dependência de fornecedores externos.
Além disso, a medida visa estimular a produção interna de madeira nos EUA, com iniciativas como a flexibilização das regras de extração florestal e o reaproveitamento de árvores caídas.
Embora o governo Trump justifique as tarifas como um mecanismo de defesa econômica, especialistas enxergam a medida como protecionismo puro. O objetivo central é beneficiar produtores americanos, elevando os custos de concorrentes estrangeiros.
Essa abordagem, no entanto, pode ter um efeito colateral negativo: aumentar os custos para consumidores e setores que dependem da madeira importada, como a construção civil e a indústria moveleira dos EUA. Em um cenário de inflação persistente, a taxação pode encarecer ainda mais o mercado imobiliário e gerar tensões entre os EUA e seus principais parceiros comerciais.
A possível taxação da madeira pode ter consequências significativas para o Brasil, um dos principais exportadores de produtos derivados da madeira, como compensados e móveis. Entre os impactos diretos estão:
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem adotado um tom mais diplomático nas relações comerciais com os EUA, buscando reverter medidas protecionistas implementadas da gestão Trump. No entanto, diante da nova ameaça de taxação da madeira, a diplomacia brasileira deve intensificar pressões junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) e buscar diálogo direto com autoridades americanas para evitar prejuízos ao setor.
Até o momento, o Itamaraty não se pronunciou oficialmente sobre a medida, mas a tendência é que o Brasil reforce sua posição contra barreiras tarifárias e busque acordos comerciais alternativos para minimizar os impactos.
A possível taxação da madeira importada é mais um capítulo na política comercial agressiva de Donald Trump. Se implementada, a medida pode prejudicar a indústria madeireira brasileira, encarecer produtos nos EUA e aumentar as tensões econômicas globais.
Diante desse cenário, o Brasil precisará se posicionar estrategicamente para defender seus interesses comerciais e evitar impactos negativos sobre um setor que desempenha um papel crucial na economia nacional.
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