A relação entre Luiz Inácio Lula da Silva e José Dirceu é uma das mais simbólicas da história política brasileira. Unidos pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e por uma trajetória de lutas e escândalos, os dois sempre se mantiveram fiéis um ao outro, mesmo diante de condenações, prisões e crises que abalaram a esquerda brasileira. Agora, Lula deseja Dirceu novamente no Parlamento, como deputado federal em 2026.
O convite foi feito durante um encontro na festa de aniversário da ex-prefeita Marta Suplicy, um evento que reuniu lideranças da esquerda, ministros, deputados e aliados do governo. "Você está com cara de candidato", disse Lula a Dirceu, sugerindo que ele retome um cargo eletivo.
José Dirceu foi um dos principais articuladores do PT e do governo Lula no passado, mas também se tornou símbolo dos escândalos de corrupção que assolaram o partido. Com condenações por corrupção passiva e lavagem de dinheiro nos casos do Mensalão e da Lava Jato, sua presença no Congresso pode ser vista como um desafio à moralidade e à confiabilidade do governo. Por outro lado, Dirceu ainda é considerado um dos estrategistas mais habilidosos da política brasileira.
Se aceitar o convite, sua volta pode representar uma tentativa de reorganizar o PT, consolidar a base de Lula no Congresso e preparar o partido para as próximas eleições. No entanto, também trará questionamentos sobre os compromissos do governo com a ética na política.
O possível retorno de Dirceu ao Parlamento pode provocar reações tanto entre aliados quanto entre adversários do PT. Se por um lado Lula aposta na experiência política do ex-ministro para fortalecer sua governabilidade, por outro, coloca-se em risco de aumentar a rejeição popular ao governo. O discurso da "nova política" e da transparência pode ser comprometido com a reabilitação de figuras polêmicas do passado.
A oposição certamente usará essa movimentação como munição para atacar Lula e reforçar a narrativa de que seu governo é um retorno ao que há de pior no fisiologismo e na corrupção.
O ex-ministro afirmou que só decidirá sobre sua candidatura no fim do ano, mas o simples fato de Lula ter feito o convite já demonstra que ele continua sendo uma peça influente dentro do PT. A questão é: o Brasil está disposto a dar a Dirceu mais uma chance? O Congresso precisa dele ou sua volta representará um retrocesso?
O futuro responderá.
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