Cuba enfrenta neste sábado (15) mais um apagão nacional, o quarto em menos de seis meses, deixando a maior parte dos quase 10 milhões de habitantes sem energia elétrica. A falha, causada por um colapso no Sistema Elétrico Nacional (SEN), já dura mais de 12 horas e teve início por volta das 20h15 (horário local) da última sexta (14), provavelmente devido a uma pane na subestação Diezmero, nos arredores de Havana. O incidente provocou uma reação em cadeia, desligando diversas unidades de geração e resultando na queda completa do sistema.
O Ministério de Energia e Minas informou que unidades geradoras começaram a ser sincronizadas novamente e que foram criados “microssistemas” em 12 das 15 províncias para fornecer o mínimo de energia. A estatal Unión Eléctrica (UNE) afirmou que está priorizando o fornecimento para centros vitais e, até o momento, apenas 110 megawatts estão sendo disponibilizados — bem abaixo da demanda diurna de 1.800 MW e do pico noturno, que pode ultrapassar 3.200 MW.
Essa estratégia de retomada por microssistemas foi adotada em apagões anteriores, registrados em outubro, novembro e dezembro de 2024. Nesses episódios, o processo de reativação do sistema levou dias, com o governo suspendendo atividades escolares e laborais. Embora esse cenário se repita, as autoridades ainda não anunciaram medidas similares nesta nova crise.
A fragilidade do sistema elétrico cubano é resultado de um histórico de subfinanciamento e da obsolescência das sete usinas termelétricas do país, que operam há décadas sem investimentos suficientes. Além disso, a escassez de diesel e óleo combustível agrava o cenário. O governo atribui parte da crise às sanções dos Estados Unidos, enquanto especialistas estimam que seriam necessários entre US$ 8 bilhões e US$ 10 bilhões para modernizar o setor — um valor fora do alcance do Estado cubano no curto prazo.
A crise energética tem impactado fortemente a economia do país, que encolheu 1,9% em 2023 e deve continuar estagnada em 2024, segundo estimativas oficiais. A população, afetada pelos cortes constantes de energia, tem reagido com descontentamento crescente, protagonizando protestos em diversas regiões da ilha nos últimos anos, refletindo um cenário de instabilidade social crescente.
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