O advogado Humberto Chelotti Gonçalves, conhecido como “Doutor”, foi oficialmente transformado em réu pela Justiça do Piauí. Acusado de tráfico de drogas, associação criminosa, posse irregular de arma de fogo e corrupção de menores, Chelotti foi preso no dia 6 de março enquanto transportava armas e entorpecentes para integrantes da facção Tudo Neutro (TDN), braço do Primeiro Comando da Capital (PCC) no litoral do estado. A decisão foi assinada pelo juiz Carlos Alberto Bezerra Chagas, titular da Vara Única da Comarca de Luís Correia, na última quinta-feira (13).
A denúncia do Ministério Público aponta que dois criminosos, Francisco das Chagas Vieira da Silva, vulgo “Horrível”, e Francisco das Chagas Silva Goes, chamado de “Cheira Pau”, estavam sendo monitorados pela Polícia Militar. Durante a operação, em 30 de novembro de 2024, os agentes localizaram um veículo Hilux SW4, registrado no nome de Humberto Chelotti, que estava sendo utilizado na tentativa de fuga de Francisco Vieira.
Após cerco policial, Vieira foi preso portando uma pistola 9mm, munições, uma espingarda calibre 12 e porções de maconha. Questionado sobre seu transporte, indicou que o carro que o levou seguia em direção a Cajueiro da Praia. Com isso, os policiais conseguiram interceptar o veículo, que era conduzido pelo próprio advogado.
No momento da abordagem, Humberto Chelotti estava acompanhado de um menor de idade, identificado pelas iniciais D.A. de A., e transportava LSD e R$ 960 em dinheiro, supostamente proveniente da venda de entorpecentes. A Promotoria, diante dos fatos, solicitou a aceitação da denúncia, o que foi acatado pela Justiça.
Na decisão, o juiz Carlos Alberto Bezerra Chagas destacou que há indícios suficientes para manter o advogado como réu, justificando a continuidade do processo. O magistrado também negou o pedido de relaxamento da prisão de Chelotti, que seguirá detido na Penitenciária Mista de Parnaíba.
A prisão de um advogado por envolvimento com o tráfico levanta questionamentos profundos sobre o limite ético e moral da profissão. Afinal, como alguém que deveria zelar pela legalidade passa a atuar no submundo do crime? Se por formação e profissão ele conhecia a gravidade de seus atos, qual foi o gatilho para cruzar essa linha? Essas respostas só poderão ser esclarecidas ao longo do processo, mas a sociedade já se depara com uma dura realidade: nem sempre quem usa a toga está do lado da lei.
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