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Remédio chinês para câncer tem resultado inédito e ameaça domínio ocidental

Desenvolvido na China, novo tratamento demonstrou maior eficácia que o principal medicamento da Merck e agita o setor farmacêutico

06/03/2025 às 07h11 Atualizada em 06/03/2025 às 19h05
Por: Wagner Albuquerque
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Foto: Reprodução
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A empresa chinesa Akeso abalou o setor farmacêutico ao apresentar um medicamento inovador contra o câncer de pulmão. O ivonescimab demonstrou resultados superiores ao Keytruda, da americana Merck, em testes conduzidos na China. Pacientes tratados com a nova droga passaram 11,1 meses antes da progressão da doença, contra 5,8 meses do Keytruda, segundo dados clínicos apresentados na Conferência Mundial sobre Câncer de Pulmão.

A descoberta impulsionou o valor das ações da Summit Therapeutics, parceira da Akeso nos EUA, que licenciou o medicamento para comercialização na América do Norte e Europa. Especialistas apontam que esse avanço representa um momento decisivo para as farmacêuticas chinesas, que antes eram vistas apenas como replicadoras de medicamentos ocidentais. Agora, essas empresas demonstram capacidade de inovação e conquistam espaço no cenário global.

Nos últimos anos, a biotecnologia chinesa tem atraído bilhões de dólares em investimentos e parcerias com grandes empresas internacionais. A AstraZeneca firmou um acordo de US$ 1,92 bilhão com a CSPC Pharmaceutical para desenvolver medicamentos cardiovasculares, enquanto a Merck investiu US$ 2 bilhões na Hansoh Pharmaceutical para uma nova pílula de perda de peso. Essas colaborações refletem o crescente reconhecimento da China como polo de inovação biomédica.

O número de acordos de licenciamento entre empresas chinesas e estrangeiras saltou de 46 em 2017 para mais de 200 no ano passado, elevando o valor total das transações de US$ 4 bilhões para US$ 57 bilhões no mesmo período. Grandes fusões e aquisições no setor farmacêutico chinês cresceram quase 30% em 2024, consolidando a influência do país na indústria global.

Especialistas apontam que a China pode em breve competir com as maiores empresas farmacêuticas do mundo. O avanço do setor é impulsionado por apoio governamental, investimentos internacionais e um ecossistema de pesquisa altamente qualificado. O país, antes visto como um seguidor na biotecnologia, agora assume um papel de liderança na criação de medicamentos inovadores, colocando pressão sobre os concorrentes ocidentais.

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