Antes de mais nada, é importante reconhecer a iniciativa do ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento Social, ao anunciar o cancelamento de mais de três milhões de benefícios fraudulentos do Programa Bolsa Família, do governo federal. Alguns podem argumentar que ele apenas cumpriu seu dever, mas o fato é que essa era uma medida necessária. No entanto, o esforço do ministro parece ter se concentrado exclusivamente em eliminar supostas fraudes atribuídas ao governo anterior, enquanto pouco ou nada foi feito para fiscalizar e coibir irregularidades dentro da sua própria gestão.
O resultado disso? A mídia denuncia, a polícia investiga e a Câmara dos Deputados já se articula para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquério, para apurar um escândalo envolvendo a distribuição de alimentos para pessoas vulneráveis: a CPI das Quentinhas Invisíveis. Não se trata de um caso isolado, mas de uma possível organização criminosa composta por aliados do Partido dos Trabalhadores (PT). A denúncia aponta que uma entidade contratada pelo ministério de Wellington Dias teria recebido pagamentos milionários da ordem de R$ 5,6 milhões para fornecer marmitas, mas não teria realizado as entregas.
O esquema, que já está sendo chamado de "Golpe da Quentinha Invisível", compromete gravemente a credibilidade da gestão de Wellington Dias à frente do Ministério do Desenvolvimento Social. Resta saber se estamos diante de um esquema criminoso bem organizado ou apenas de acusações infundadas, denúncia vazia.
O próprio ministro veio a público em um vídeo tentando desacreditar as denúncias. No entanto, sua fala parece não ter convencido ninguém além de sua base de apoio. O motivo? Ele evitou abordar diretamente as acusações, desviando o foco para a suposta corrupção do governo anterior. Em 90 minutos de discurso, não conseguiu fornecer respostas objetivas.
As perguntas que ficam são simples: por que o ministro não mencionou diretamente a empresa contratada para a distribuição das marmitas? Por que se limitou a falar do cancelamento de benefícios quando a questão central envolve a falta de entrega de alimentos? Por que atribuiu culpa ao governo anterior quando as irregularidades aconteceram em sua própria gestão? A falta de respostas concretas levanta ainda mais suspeitas.
Se tudo isso não passa de “intriga da oposição”, como afirma o ministro, por que ele tergiversou em vez de apresentar provas e explicações objetivas? Afinal, o que o povo brasileiro quer saber é o seguinte:
Quem contratou as ONGs envolvidas no escândalo?
Qual foi o valor total pago a elas?
As refeições foram realmente entregues?
Onde estão os registros dessas entregas?
Quando o ministério soube das irregularidades e que medidas foram tomadas para corrigir o problema?
Essas são perguntas legítimas que merecem respostas claras. O ministro e o governo federal devem explicações à população, pois são os cidadãos que pagam os salários de todos os ocupantes de cargos públicos, incluindo o do próprio Wellington Dias e do presidente Lula.
Dizer que “a verdade irá vencer” não basta. O que o povo quer são provas, documentos e respostas concretas. Enquanto isso não acontecer, o cheiro de corrupção continuará pairando sobre o Ministério do Desenvolvimento Social e sobre o governo como um todo.
E o que fica para os brasileiros que dependiam dessas refeições? Faltou comida, mas sobrou "quentinha invisível".
Aguardamos, ministro, que o senhor esclareça os fatos de forma objetiva. O silêncio e a fuga das perguntas só aumentam a desconfiança da população.
Confira o vídeo:
Mín. 22° Máx. 33°