O IBGE divulgou que a inflação desacelerou em janeiro, com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, registrando alta de 0,16% em relação a dezembro. O índice ficou levemente abaixo da previsão de 0,17% feita por economistas consultados pela Bloomberg. No entanto, o que os números oficiais mostram não condiz com o que a população sente no bolso.
Cada ida ao mercado reforça a desconfiança sobre os dados do governo. O café sumiu da mesa do trabalhador, os combustíveis pesam cada vez mais no orçamento, e a carne virou artigo de luxo. A picanha prometida na campanha eleitoral tornou-se símbolo de ostentação.
Além disso, a transposição do Rio São Francisco foi interrompida, com trechos já deteriorados, e a prometida passagem aérea de R$ 200 nunca se concretizou. Para piorar, o número de empresas em recuperação judicial disparou, indústrias fecharam as portas e a energia e a água encanada estão mais caras.
Desemprego baixo, juros altos e custo de vida insustentável
O governo comemorou a menor média de desemprego desde 2012, com 6,6% em 2024. No entanto, esse número não reflete a precarização do trabalho e o fechamento de empresas. Muitos brasileiros estão empregados, mas com salários defasados e menor poder de compra.
Outro fator que sufoca a economia é o alto patamar dos juros. O Banco Central elevou a taxa Selic para 13,25% ao ano em 29 de janeiro de 2025, marcando o quarto aumento consecutivo. O CDI, outro indicador de juros, está em 10,93% ao ano. E as expectativas dos não são nada agradáveis, pois tudo indica que a Selic pode atingir os 15% ainda esse semestre.
O impacto disso? Crédito mais caro, consumo retraído e dificuldade para empresas investirem e crescerem. Até a poupança, que remunera seus depósitos com base na Selic, segue desvalorizada frente à inflação real. Enquanto isso, pequenos negócios e consumidores enfrentam juros impagáveis, o que só agrava a crise econômica.
A queda de popularidade de Lula e o risco para 2026
Diante desse cenário, a popularidade de Lula despencou. A mais recente pesquisa Datafolha, divulgada nesta sexta-feira (14), aponta que a aprovação do presidente caiu de 35% para 24% em apenas dois meses.
Os motivos para a insatisfação são claros: a polêmica taxa das blusinhas, a tentativa de maior controle sobre o Pix e declarações desastrosas sobre a guerra na Faixa de Gaza.
Se Lula não reverter essa queda, sua reeleição em 2026 estará seriamente comprometida. A ciência política indica que um presidente precisa de pelo menos 45% de aprovação para garantir uma vitória. Para efeito de comparação, Jair Bolsonaro tinha 39% em 2022 e acabou derrotado.
Sem carta na manga
O problema para Lula é que não há um plano claro para recuperar sua popularidade. O governo cogita ampliar o crédito, mas isso pode alimentar ainda mais a inflação. A recente troca no comando da comunicação – com a saída do deputado Paulo Pimenta e a entrada do marqueteiro Sidônio Palmeira – pode não ser suficiente para reverter o desgaste.
As falas do presidente também não ajudam. Ao invés de atacar a alta dos alimentos com medidas concretas, Lula sugeriu que os brasileiros simplesmente parem de comprar itens caros.
"Se todo mundo tivesse a consciência e não comprasse aquilo que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, senão vai estragar", afirmou o presidente.
A frase virou meme e todos perguntam nas redes sociais: "Se a energia e a água estão caras é só não pagar que baixa?" Outros questionam se o IPVA, o ICMS estão caros também caem se não forem pagos?" Sem dúvida esse foi mais um tiro de Lula que saiu pela culatra.
O povo brasileiro, porém, sabe que a realidade não é tão simples assim. Lula pode até tentar terceirizar a culpa da crise, mas sua base de apoio está se esfarelando, desmilinguindo. E sem respaldo popular, qualquer projeto de reeleição se torna inviável. Qual será o plano B?
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