A tentativa do governo Lula da Silva de criar um símbolo de identidade política com o uso de bonés não teve o efeito esperado. A estratégia, que buscava contrapor a icônica marca dos bonés da campanha de Donald Trump, acabou provocando um efeito contrário: reforçou a mobilização da oposição.
A ação foi pensada pelo novo ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Sidônio Palmeira, com a frase “O Brasil é dos brasileiros”, estampada nos bonés utilizados por ministros e parlamentares petistas durante uma sessão no Congresso. O objetivo era fortalecer a identidade nacional e criar um contraponto às mensagens da direita.
No entanto, a campanha não gerou o engajamento esperado e rapidamente foi absorvida por adversários políticos, que transformaram o acessório em símbolo de críticas ao governo.
A oposição, especialmente a bancada do Partido Liberal (PL), reagiu rapidamente. Durante a sessão de abertura do ano legislativo, deputados bolsonaristas usaram um boné verde e amarelo com a frase “Comida barata de novo/Bolsonaro 2026”, em alusão à crise econômica e à alta dos preços dos alimentos.
Além disso, parlamentares do PL levaram um pacote de café com a foto de Lula, estampado com a frase “Nem picanha, nem café”, ironizando promessas de campanha do petista. Também criaram um “Picanha Black”, com a imagem de Bolsonaro, como símbolo de que o ex-presidente entregaria melhores condições econômicas.
Diferente da estratégia do governo, que tentava apenas criar um símbolo sem uma narrativa concreta, a resposta bolsonarista associou o boné a problemas reais vividos pela população, como inflação, dificuldade de acesso a alimentos e críticas à condução econômica do governo Lula.
Além disso, a mensagem da oposição é mais direta e emocional, enquanto o slogan petista não conseguiu gerar um impacto significativo entre seus apoiadores.
A rápida reação da oposição demonstra sua capacidade de mobilização e comunicação eficiente com seu público. O governo, por sua vez, não conseguiu transformar sua campanha em um movimento engajador e ainda deu espaço para um contra-ataque eficaz da direita.
Essa disputa mostra que, na política atual, as estratégias de marketing precisam ser bem calculadas, pois qualquer movimento pode ser resignificado e apropriado pela oposição, como aconteceu com o boné petista.
Fica cada vez mais claro que o maior problema do governo não é a comunicação, mas a falta de entregas concretas. Apesar das promessas de mudança e melhoria para a sociedade brasileira, o que se vê na prática é uma realidade de inflação crescente, dificuldade para o trabalhador garantir o básico à mesa, alta no preço da energia, gás de cozinha cada vez mais caro e a carne se tornando um luxo inacessível para a maioria. Como expressa a população e a campanha dos bonés: "Nem picanha, nem café!"
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