O presidente Donald Trump assinou, nesta quarta-feira (30), duas ordens executivas que alteram o direcionamento da educação nos Estados Unidos. As medidas visam promover a liberdade de escolha dos pais nas escolas e proibir o uso de fundos federais para currículos que, segundo ele, promovem “doutrinação” em ideologias de raça e gênero. A decisão faz parte de sua promessa de reformular o sistema educacional com uma abordagem conservadora, o que gerou críticas de setores progressistas.
A primeira ordem orienta o Departamento de Educação a direcionar recursos para programas que incentivem a escolha das famílias sobre onde matricular seus filhos. “Muitas crianças não prosperam na escola designada e administrada pelo governo”, justificou Trump. Os defensores da medida argumentam que o ensino público não atende aos padrões acadêmicos, enquanto opositores temem o enfraquecimento da rede pública, que atende 50 milhões de estudantes.
A segunda diretriz proíbe o financiamento federal para materiais didáticos e certificações que abordem temas ligados à ideologia de gênero e equidade racial. Segundo o texto, o objetivo é evitar que as escolas promovam conceitos como "privilégio branco" e "preconceito inconsciente", que, na visão do governo, incentivam divisões raciais. Especialistas alertam que a medida pode restringir o ensino sobre a história das relações raciais no país.
As ordens executivas reacenderam o debate sobre a chamada teoria crítica da raça, conceito acadêmico que analisa o impacto do racismo estrutural nas leis e instituições dos EUA. Embora seja ensinada principalmente em cursos superiores, críticos conservadores associam a teoria a um suposto viés ideológico no ensino básico. Para a professora Christina Greer, da Universidade Fordham, Trump busca intimidar educadores e dificultar o ensino da “história real dos Estados Unidos”.
Além das mudanças curriculares, o governo Trump pretende ampliar os subsídios para escolas particulares e religiosas, alterando a distribuição de US$ 30 bilhões a US$ 40 bilhões em recursos federais. A política de escolha escolar já era uma bandeira conservadora, e analistas apontam que essa é a ação mais enfática nesse sentido já adotada por um presidente. O impacto da medida nas escolas públicas e no aprendizado dos alunos, no entanto, ainda é incerto.
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