O Brasil o país das CPIs seletivas. A bola da vez: a CPI das apostas digitais — e sim, há muito a se questionar nesse terreno nebuloso das bets, onde o dinheiro evapora mais rápido que dignidade em reality show. Mas onde está a mesma comoção, a mesma energia, a mesma cobertura para a mega fraude bilionária no INSS? Cadê a CPI disso?
Enquanto uns defendem que uma CPI deve ceder espaço à outra, eu afirmo: todas são necessárias. O problema não está na falta de assunto, mas no que escolhemos (ou somos levados) a olhar. A mídia grita por likes, os holofotes focam no que gera clique, e a população perde o senso crítico.
Sabe o que merecia manchete, mas passou em branco pra maioria? O aumento da taxa Selic. Em 7 de maio de 2025, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa básica de juros para 14,75% ao ano, o maior patamar desde agosto de 2006. Essa foi a sexta alta consecutiva, refletindo esforços para conter a inflação persistente, que atualmente está em 5,49%, bem acima da meta oficial de 3% .
A alta da Selic não é apenas um número técnico; ela impacta diretamente o bolso do cidadão. Juros mais altos encarecem o crédito, tornando empréstimos e financiamentos mais caros, o que desestimula o consumo e pode levar a uma desaceleração econômica. Além disso, investimentos em renda fixa tornam-se mais atrativos, enquanto o acesso ao crédito para empresas e consumidores se torna mais restrito .
Mas enquanto isso… a roupa da Virgínia viraliza. E o brasileiro segue jogando bilhões em plataformas de apostas internacionais — dinheiro, muitas vezes advindo de medidas sociais do Estado, que poderia estar girando aqui nos pequenos negócios para girar a economia e contribuir para o desenvolvimento do país masque vira lucro no bolso de uma minoria que exponencialmente enriquece.
Estimativas do Banco Central indicam que, entre janeiro e março de 2025, os brasileiros destinaram entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões por mês a apostas online. Em 2024, o total movimentado foi de aproximadamente R$ 240 bilhões, resultando em perdas de R$ 103 bilhões para o varejo nacional .
Some-se a isso a incoerência instalada a nível federal, as prioridades invertidas, e temos o retrato de um país entretido demais para enxergar o que de fato importa.
Leitores, fiquem atentos. Informação é poder. O que nos parece banal, muitas vezes é distração planejada. A roupa da influenciadora é só uma roupa. O aumento da Selic é, sim, motivo de alarde.
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