Ainda está longe de ser mensurado em sua totalidade o estrago administrativo deixado pelo ex-prefeito de Teresina, Dr. Pessoa (PRD). No popular, o cenário é descrito como um verdadeiro balaio de gato - e um balaio extremamente oneroso. De acordo com a atual gestão do prefeito Sílvio Mendes (União Brasil), o rombo nas contas da Prefeitura chega à impressionante marca de R$ 3 bilhões. Só na área da saúde, a dívida ultrapassa R$ 110 milhões, conforme revelou o presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Charles Silveira.
“Estamos falando de uma dívida herdada que ultrapassa os R$ 110 milhões na saúde. É algo extremamente grave, e estamos tratando disso com total transparência. Já estamos pagando os compromissos firmados em 2025 e iniciamos uma auditoria para entender com exatidão como essa dívida foi gerada e quem são os credores”, afirmou Silveira, logo após reunião com o prefeito, na sede do Palácio da Cidade.
Grande parte do passivo diz respeito a dívidas com fornecedores de medicamentos, empresas prestadoras de serviços terceirizados, laboratórios e clínicas conveniadas ao SUS, além de contratos com profissionais da saúde. O atraso nos pagamentos compromete o funcionamento pleno de hospitais, UPAs e Unidades Básicas de Saúde (UBSs), que dependem da regularidade dos insumos e da folha contratual para operar.
Segundo a atual gestão, a falta de planejamento, o uso indiscriminado do orçamento sem lastro e a ausência de controle financeiro ao longo do mandato de Dr. Pessoa contribuíram diretamente para o acúmulo da dívida. Há indícios de que despesas foram contraídas sem a devida previsão orçamentária e sem acompanhamento técnico da Secretaria de Finanças.
Charles Silveira destaca ainda que parte das despesas sequer foram empenhadas, o que dificulta ainda mais a apuração dos débitos e levanta a suspeita de possível má gestão ou negligência administrativa.
A Prefeitura de Teresina já estuda formas de reestruturar o passivo. Segundo o presidente da FMS, uma das medidas será a renegociação com fornecedores e prestadores de serviço.
“Vamos redividir os compromissos por meio de renegociações. Com responsabilidade e transparência, esperamos encontrar saídas para pagar o que é devido sem comprometer o funcionamento da rede municipal de saúde”, disse.
Apesar do cenário preocupante, a gestão afirma que o atendimento básico à população está mantido. O prefeito Sílvio Mendes criou uma comissão especial de contenção de gastos e reafirmou o compromisso com a continuidade dos serviços essenciais. Contudo, técnicos da administração municipal admitem, nos bastidores, que a dívida pode sim comprometer investimentos e manutenção em áreas estratégicas da saúde caso o rombo não seja equacionado.
Uma auditoria completa está em curso nas contas da FMS e dos demais órgãos da prefeitura. O objetivo é identificar a origem, os responsáveis e os contratos envolvidos nas dívidas herdadas. Caso sejam confirmadas irregularidades, os responsáveis podem ser acionados judicialmente. A Controladoria-Geral do Município e o Ministério Público devem ser acionados após a conclusão dos levantamentos.
“O que estamos fazendo é corrigir uma série de distorções que colocaram Teresina em situação de colapso fiscal. A responsabilidade agora é não permitir que o prejuízo recaia sobre a população”, afirmou o prefeito Sílvio Mendes.
O caso é mais um capítulo do difícil cenário financeiro enfrentado pela capital piauiense. Com dívidas herdadas, queda na capacidade de investimento e uma saúde pressionada, a gestão de Sílvio Mendes precisará de habilidade política e muito rigor técnico para recolocar Teresina nos trilhos - e, principalmente, garantir que os erros do passado não voltem a se repetir.
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