O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou à revista americana The New Yorker que “não há possibilidade” de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) retornar à Presidência da República. Moraes destacou que Bolsonaro foi condenado duas vezes pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que o tornou inelegível até 2030. Segundo ele, apenas o STF poderia reverter essas decisões, mas essa hipótese é, em suas palavras, improvável: “Não vejo a menor possibilidade de isso acontecer”.
Durante a entrevista, Moraes revelou que acredita ter sido poupado de um atentado graças a contatos nas Forças Armadas, na época em que atuava como ministro da Justiça no governo de Michel Temer (MDB). A menção se refere ao plano “Punhal Verde e Amarelo”, como foi batizada pela Polícia Federal a suposta conspiração para assassinar autoridades, entre elas o ministro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que Bolsonaro tinha conhecimento do plano e o teria endossado, o que o ex-presidente nega.
Bolsonaro e sete aliados — incluindo militares e ex-ministros — tornaram-se réus em março por tentativa de golpe, segundo decisão unânime da Primeira Turma do STF. A denúncia aponta que o grupo integraria uma organização criminosa com o objetivo de manter Bolsonaro no poder mesmo após a derrota nas eleições de 2022. O julgamento do caso deve ocorrer ainda este ano. Moraes comentou à revista que, apesar de uma eventual absolvição no processo penal, as condenações no TSE continuam impedindo a candidatura do ex-presidente.
Moraes também reconheceu que outros nomes da família Bolsonaro, como a ex-primeira-dama Michelle ou os filhos do ex-presidente, podem disputar a Presidência com apoio dele. No entanto, avaliou que “nenhum deles […] tem as mesmas relações com as Forças Armadas que ele tinha”. Mesmo inelegível, Bolsonaro tem repetido que pretende disputar as eleições de 2026.
A reportagem da The New Yorker retrata Moraes como o juiz que enfrenta a direita digital brasileira, destacando seus embates com Jair Bolsonaro, o bilionário Elon Musk e até o ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Moraes comentou os ataques de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram as sedes dos Três Poderes, e justificou sua atuação imediata: “Tive que agir no meio da noite”. Sobre Elon Musk, ironizou o apelido de “Voldemort com Sith” e reafirmou que empresas de tecnologia devem obedecer às leis brasileiras. Também respondeu à ação da Trump Media nos EUA, chamando-a de “manobra política”.
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