A decisão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados de aprovar a cassação do mandato de Glauber Braga (Psol/RJ), na noite desta quarta-feira (9), tem como base uma acusação grave: agressão física a um militante do Movimento Brasil Livre (MBL), Gabriel Costenaro, com chutes, além de uma tentativa de agressão ao deputado Kim Kataguiri (União-SP).
O relator do caso, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), argumentou em seu parecer que a conduta do parlamentar foi “incompatível com o decoro parlamentar” e que Braga “ultrapassou todos os limites”. A base legal citada foi o artigo 55, inciso II da Constituição, além de trechos do Regimento Interno e do Código de Ética da Câmara.
A confusão ocorreu durante uma audiência na Comissão de Administração e Serviço Público da Câmara, quando membros do MBL se manifestavam contra a regulamentação de aplicativos como o Uber. Glauber, inflamado, disse querer “aniquilar liberais e fascistas de plantão”, antes de partir para a agressão.
Segundo o próprio deputado, ele teria sido provocado por Costenaro. Ainda assim, não negou nem se desculpou pelo ataque. Pelo contrário, divulgou nota afirmando que “não se arrepende” do que fez.
A sessão no Conselho de Ética foi tensa e marcada por gritaria e confrontos verbais. O parecer de Paulo Magalhães foi aprovado por 13 votos a favor da cassação e 5 contra. Não houve abstenções.
Durante o tumulto, Glauber acusou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), de ter “redigido o relatório pelas costas”, insinuando uma perseguição política. Em um ato simbólico, o deputado anunciou que iniciaria uma greve de fome, prometendo lutar contra o que chamou de “injustiça política e institucional”.
Ainda não. A decisão do Conselho de Ética não é terminativa. Glauber Braga ainda pode recorrer da decisão à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Ele tem cinco dias para apresentar o recurso.
Se a CCJ rejeitar o recurso, o caso vai para o plenário da Câmara dos Deputados, onde será votado em sessão aberta. Para que a cassação seja efetivada, é necessário o voto favorável da maioria absoluta dos deputados, ou seja, 257 votos.
Próximos passos:
Defesa deve recorrer à CCJ, tentando reverter ou adiar o processo.
CCJ terá até cinco dias úteis para analisar o recurso.
Caso rejeitado, plenário da Câmara vota em data a ser definida.
Se aprovado, Glauber perde o mandato e os direitos parlamentares.
Enquanto isso, o deputado seguirá exercendo suas funções normalmente, inclusive mantendo voz ativa nas comissões e votações.
A situação de Glauber expõe uma tensão entre o PSOL e setores mais moderados da Câmara, incluindo a base aliada do governo. O partido ainda não se manifestou oficialmente sobre a cassação, mas é esperado que defenda o parlamentar com o argumento de que se trata de um “ato político de perseguição”.
Internamente, há divisões:
Parte da legenda vê Glauber como um símbolo da resistência ao bolsonarismo e ao liberalismo econômico.
Outros avaliam que a postura combativa dele, por vezes, prejudica o diálogo institucional e isola o partido nas negociações parlamentares.
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