A Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu deve financiar uma obra avaliada em mais de R$ 750 milhões no campus da Universidade Federal Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu, Paraná. O projeto, iniciado no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teve suas construções interrompidas em 2014 e deve ser retomado em abril. A obra inclui um restaurante universitário, um prédio administrativo e salas de aula. No entanto, os investimentos de Itaipu são classificados como “outras despesas de exploração”, o que impacta o custo da conta de luz para os consumidores brasileiros.
O Ministério de Minas e Energia afirma que a redução da tarifa de energia é uma prioridade da usina, conforme determinação do ministro Alexandre Silveira. Para isso, está prevista a destinação de R$ 2 bilhões para mitigar o impacto da conta de luz em 2025. No entanto, entidades do setor elétrico argumentam que, em vez de diminuir, a tarifa de Itaipu apenas deixou de aumentar devido a um acordo entre Brasil e Paraguai. Segundo Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, esses custos não estão relacionados à geração de eletricidade, mas sim a despesas socioambientais.
Criada no governo Lula, a Unila tem como objetivo promover a integração acadêmica da América Latina. Seu campus foi projetado por Oscar Niemeyer, mas as construções nunca foram concluídas. Em 2014, o consórcio Mendes Junior-Schahin abandonou o projeto alegando desequilíbrio financeiro e incompatibilidades estruturais. Em 2023, um convênio entre a Unila e Itaipu foi firmado para viabilizar a retomada da obra. Segundo o Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (Unops), o orçamento ainda é uma estimativa e aguarda o processo de licitação.
Analistas de contas públicas criticam os investimentos da usina, pois ocorrem fora do Orçamento oficial. O economista Marcos Mendes, do Insper, aponta que essa prática compromete a transparência das finanças públicas. Com a quitação das dívidas de Itaipu em 2023, o setor elétrico argumenta que os recursos deveriam ser direcionados para reduzir a tarifa de energia. Sem os novos gastos, a conta de luz poderia ter uma queda de 30%, passando de US$ 16,71 para US$ 12 por MWh.
Além da Unila, Itaipu tem financiado projetos controversos. Em 2023, a empresa enviou um técnico veterinário para cuidar de filhotes de ema no Palácio da Alvorada, residência do presidente Lula. Também destinou R$ 15 milhões ao festival Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, promovido pela primeira-dama, e anunciou um investimento de R$ 1,3 bilhão para a COP-30, em Belém. A empresa nega que esses investimentos impactem a conta de luz e afirma que fazem parte de sua estratégia socioambiental.
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