O funcionamento do Congresso Nacional pesa no bolso do contribuinte brasileiro. Antes mesmo de iniciarem efetivamente os trabalhos legislativos em 2025, os deputados federais já geraram um custo de mais de R$ 24,1 milhões em ressarcimentos de despesas, por meio da chamada Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), popularmente conhecida como "cotão". Esse valor cobre desde pequenas refeições, como um pão de queijo na padaria, até jantares luxuosos, aluguéis de veículos, aviões e até lanchas.
Esse festival de despesas, considerado exorbitante por muitos, levanta um questionamento importante: qual é o limite da gastança parlamentar? Afinal, mesmo sem a realização de votações significativas ou grandes debates no início do ano, os gastos públicos não foram contidos, reforçando a percepção de que o Poder Legislativo é tão perdulário quanto o Executivo e o Judiciário.
Manter um deputado federal não sai barato para o pagador de impostos. Além do salário mensal de R$ 46,4 mil, cada parlamentar tem direito a uma série de benefícios, como:
Em um cálculo simples, somando salários, verba de gabinete e cota parlamentar, cada deputado pode custar mais de R$ 200 mil por mês aos cofres públicos.
Os números são ainda mais preocupantes quando se observa os parlamentares que mais usaram a cota no início de 2025. A deputada Antônia Lúcia (Republicanos-AC) lidera a lista, tendo consumido R$ 114,4 mil em ressarcimentos, sendo R$ 110 mil apenas em divulgação do mandato. Em segundo lugar, aparece Geraldo Resende (PSDB-MS), com R$ 113,8 mil em gastos.
Os valores chamam atenção porque, em muitos casos, as despesas ressarcidas não possuem transparência suficiente para garantir que estejam diretamente ligadas ao exercício da atividade parlamentar. Gastos excessivos com publicidade e viagens, por exemplo, geram dúvidas sobre a real necessidade de tais despesas.
O Brasil já convive há anos com a dificuldade de estabelecer um controle eficiente sobre os gastos públicos. O ressarcimento praticamente ilimitado de despesas levanta a discussão sobre a necessidade de revisão das regras de uso do dinheiro público no Congresso. Se há um teto para os benefícios sociais e até mesmo cortes em áreas essenciais, por que não estabelecer limites mais rígidos para os gastos dos parlamentares?
A conta, como sempre, recai sobre o contribuinte, que paga impostos altos e muitas vezes não vê retorno proporcional em serviços públicos. Enquanto isso, parlamentares continuam sendo indenizados por suas despesas sem critérios claros e sem uma fiscalização mais rigorosa, mantendo um sistema que favorece desperdícios e abusos.
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