O hábito de Luiz Inácio Lula da Silva em distorcer ou exagerar fatos históricos voltou a ganhar destaque. Durante um evento em Minas Gerais, no dia 7 de março de 2025, o presidente afirmou que, quando trabalhava como metalúrgico na Villares, chegou a enfrentar uma inflação de 80% ao mês. No entanto, uma simples consulta a registros históricos mostra que essa afirmação não condiz com a realidade. Portanto Lula mentiu.
De acordo com os dados econômicos do período, a inflação mensal nunca atingiu esse patamar nas décadas de 1960 e 1970. O primeiro e único momento na história econômica brasileira em que a inflação mensal ultrapassou os 80% foi em março de 1990, já no governo Collor, quando Lula já era uma figura consolidada na política nacional. Ou seja, a narrativa do presidente é, no mínimo, uma confusão cronológica ou, no pior cenário, mais uma tentativa de moldar os fatos à sua conveniência, criando fatos.
A repetição de inverdades no discurso presidencial
Essa não é a primeira vez que Lula se equivoca ou distorce informações em seus discursos. Ao longo de sua trajetória política, ele já fez afirmações imprecisas sobre economia, história e até mesmo dados de sua própria gestão. A questão não se resume apenas a deslizes eventuais, mas a um padrão recorrente de declarações que frequentemente entram em conflito com os fatos.
O problema maior não está no erro em si, mas na falta de correção. Diferente de outros líderes que, quando confrontados com a verdade, ajustam suas falas, Lula raramente reconhece seus enganos, muitas vezes dobrando a aposta em suas narrativas. Em alguns momentos se orgulha e se vangloria de ter mentido, como no caso em que inventou dados sobre meninos de rua no Brasil, em evento na França.
O impacto político da desinformação
Líderes políticos exercem um papel fundamental na construção da memória coletiva de um país. Quando um presidente distorce a história, ele contribui para um ambiente de desinformação que afeta diretamente a compreensão dos cidadãos sobre o passado e o presente. A confiabilidade das palavras de um chefe de Estado é essencial para o bom funcionamento da democracia, e a normalização de inverdades mina a credibilidade institucional.
Além disso, ao propagar informações incorretas, Lula oferece munição para seus opositores, que utilizam esses deslizes para enfraquecer seu governo. Por outro lado, a grande mídia e parte de seus apoiadores frequentemente relativizam essas declarações, deixando a sensação de que seus erros são menos graves do que os de outros políticos.
A importância da checagem de fatos
No mundo atual, onde o acesso à informação está literalmente na palma da mão, não há justificativa para líderes políticos cometerem erros tão grosseiros, para não chamar de 'fake news". Se Lula tivesse checado os dados antes de discursar, facilmente teria evitado mais um episódio de desinformação. Ferramentas como bibliotecas digitais e relatórios econômicos são acessíveis a qualquer pessoa, especialmente a uma equipe presidencial que dispõe de assessores e especialistas para evitar esse tipo de constrangimento público.
Seja por descuido, seja por estratégia retórica, o fato é que Lula novamente distorceu um dado histórico para reforçar uma narrativa política. O episódio da inflação de 80% ao mês nos anos 60 e 70 é mais um exemplo de como o discurso presidencial nem sempre se alinha com a realidade. Para um país que já sofreu com crises econômicas severas, a memória dos fatos deve ser preservada com precisão, e não manipulada conforme a conveniência do orador.
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