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Cultura MITOS E DISTORÇÕES

A verdade sobre o Dia Internacional da Mulher: origem, mitos e desafios atuais

Muito além de flores e homenagens, o 8 de março tem raízes em lutas operárias e movimentos sociais, enquanto mulheres ainda enfrentam violência, desigualdade e retrocessos

08/03/2025 às 09h19 Atualizada em 08/03/2025 às 18h38
Por: Douglas Ferreira
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Greve das mulheres por pão e paz na Rússia - Foto: Domínio Público
Greve das mulheres por pão e paz na Rússia - Foto: Domínio Público

Por que o Dia Internacional da Mulher é celebrado em 8 de março?

A história do Dia Internacional da Mulher está envolta em mitos e distorções, mas sua origem real remonta às lutas operárias do início do século XX e ao movimento socialista. A data, longe de ser apenas uma comemoração, nasceu do enfrentamento feminino contra a opressão social, econômica e política. Entretanto, muitas versões equivocadas foram difundidas ao longo dos anos, incluindo a falsa narrativa do incêndio em uma fábrica têxtil nos Estados Unidos em 1857. Essa história nunca aconteceu, mas foi amplamente propagada como verdade histórica.

A verdadeira origem: a luta das mulheres por direitos

O Dia Internacional da Mulher surgiu oficialmente a partir de uma proposta da ativista alemã Clara Zetkin durante o II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, em 1910, na Dinamarca. Zetkin propôs a criação de um dia para marcar a luta das mulheres por direitos civis, trabalhistas e políticos, inspirada por greves e manifestações femininas que ocorriam ao redor do mundo.

Entre esses movimentos, destaca-se a marcha de 1908, em Nova York, onde cerca de 15 mil mulheres protestaram exigindo melhores condições de trabalho, salários dignos e o direito ao voto. Esse evento motivou a criação do Dia Nacional da Mulher nos Estados Unidos em 1909. No entanto, a escolha do 8 de março tem suas raízes na Revolução Russa de 1917. Naquela data, operárias russas entraram em greve exigindo pão e paz, um movimento que cresceu e culminou na queda do regime czarista. Desde então, a data foi adotada pelo movimento comunista e posteriormente reconhecida pela ONU em 1975 como o Dia Internacional da Mulher.

A mercantilização e os desafios contemporâneos

O 8 de março foi institucionalizado como um marco global, mas sua essência vem sendo diluída por discursos superficiais e pelo mercado, que tenta transformar um dia de luta em uma celebração comercial. Empresas aproveitam a data para vender flores, chocolates e homenagens vazias, desviando o foco do que realmente importa: a contínua luta das mulheres por igualdade e justiça.

No Brasil, as mulheres ainda enfrentam desafios que tornam a celebração desta data um paradoxo. Os índices de feminicídio são alarmantes: somente em 2023, foram registrados 1.467 casos no país, segundo a ONU Mulheres. Além disso, a violência sexual, o assédio moral no trabalho e a desigualdade salarial permanecem como barreiras intransponíveis para muitas brasileiras.

Outro fator que agrava a situação da mulher brasileira é o enfraquecimento de políticas públicas voltadas para a igualdade de gênero. O desmonte de programas de combate à violência doméstica e a redução do orçamento para políticas de proteção agravam ainda mais a vulnerabilidade das mulheres.

O feminismo e a necessidade de um resgate histórico

O resgate da história real do Dia Internacional da Mulher é essencial para que sua luta não seja esvaziada. É preciso lembrar que essa data não surgiu como um evento festivo, mas sim como um chamado à mobilização e à resistência. Não se trata de ganhar flores ou mensagens bonitas, mas de exigir respeito, segurança e igualdade.

O movimento feminista continua sendo um espaço de resistência contra o retrocesso de direitos e a imposição de padrões sociais que limitam a liberdade feminina. No Brasil e no mundo, as mulheres seguem reivindicando seu espaço e desafiando as estruturas que perpetuam a desigualdade.

O 8 de março não deve ser um dia de celebração vazia, mas um momento de reflexão, conscientização e luta. Se há algo a ser comemorado, que seja a força das mulheres que se levantam todos os dias para transformar suas realidades e a de tantas outras. Que o Dia Internacional da Mulher seja sempre um lembrete de que a luta por direitos não acabou e que há muito a ser conquistado.

Dedico esse artigo a uma grande mulher: Mileyd Silva. Uma mulher empoderada pela sua competência e capacidade de conduzir sua vida profissional e, sobretudo, a nossa família. Uma mulher abençoada e temente a Deus.

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A NOTÍCIA E O FATO
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Sobre Douglas Ferreira é multimídia. Além de jornalista, é bacharel em Direito. Foi repórter da TV Clube, afiliada da Rede Globo, por 10 anos e, em Caxias, no Maranhão, apresentou o programa “Fala Caxias”. Fundou e dirigiu por seis anos a Folha do Cocais. Foi secretário de Comunicação da Prefeitura de Caxias e retornou a Teresina como âncora da TV Meio Norte. Por 20 anos, reportou e apresentou na TV Antena 10, afiliada da Record. Também foi assessor de imprensa do Tribunal de Justiça do Piauí e passou por rádios e pelos maiores portais do Estado. Sua vida é o jornalismo. No Sistema Move de Comunicação, foi editor do Portal Move Notícias e apresentador do Business Cast, do canal movetvweb no YouTube. Agora, está à frente do Gazeta Hora1.
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