As declarações de Gilberto Kassab sobre Fernando Haddad e a reeleição de Lula não são meras opiniões isoladas. O presidente do PSD é um político experiente e estratégico, e suas falas precisam ser interpretadas dentro de um contexto maior: a movimentação dos partidos de centro para 2026.
O PSD é um partido de centro, com integrantes tanto no governo Lula quanto em alianças com a oposição. Formalmente, não faz parte da base aliada, mas ocupa cargos estratégicos, como o Ministério da Agricultura, comandado por Carlos Fávaro. Isso significa que Kassab tem um pé dentro e outro fora do governo, o que lhe permite criticar sem necessariamente romper.
Ao dizer que Haddad é um ministro “fraco” e que Lula perderia a eleição se fosse hoje, Kassab envia um recado duplo:
Sim e não. Haddad tem dificuldades em impor sua agenda, pois enfrenta resistência dentro do próprio governo, especialmente da ala desenvolvimentista do PT e do ministro Rui Costa (Casa Civil). O mercado vê sua gestão com desconfiança, mas, paradoxalmente, ele tem conseguido manter alguma credibilidade junto a investidores.
Quanto à avaliação de que Lula perderia a eleição hoje, os números corroboram a tese. Pesquisas mostram queda na popularidade do governo, inclusive no Nordeste. Mas eleições não são decididas dois anos antes, e muita coisa pode mudar.
A resposta depende de dois fatores principais:
Kassab busca fortalecer sua posição como articulador do centro político e influenciar na definição de candidaturas para 2026. Ele elogia Tarcísio de Freitas, mas sugere que o governador de São Paulo deve buscar a reeleição no estado, abrindo caminho para outra candidatura.
Com essa movimentação, Kassab se posiciona como peça-chave para o futuro cenário eleitoral. Se Lula quiser evitar um isolamento político, terá que negociar. Se a oposição quiser vencer, precisará do apoio do centro. E quem está no centro? Kassab.
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