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Endividamento como estratégia: Piauí aposta em novos empréstimos para manter investimentos

Mesmo com alta da Selic, governo estadual mantém política de endividamento e critica postura do Banco Central

23/06/2025 às 14h47 Atualizada em 24/06/2025 às 08h12
Por: Wagner Albuquerque
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Secretário estadual da Fazenda, Emílio Júnior - Foto: Reprodução
Secretário estadual da Fazenda, Emílio Júnior - Foto: Reprodução

O governo do Piauí pretende manter a política de contratação de novos empréstimos financeiros como principal estratégia para sustentar obras e investimentos estruturantes no estado. A informação foi confirmada pelo secretário estadual da Fazenda, Emílio Júnior, que vê nas operações de crédito um caminho necessário para a continuidade das ações do Executivo, mesmo em um cenário de juros elevados. Segundo ele, a esperança está em uma possível redução da taxa Selic nos próximos meses.

A insistência nessa política levanta questionamentos sobre o nível de dependência do estado em relação ao crédito, especialmente diante do aumento recente da receita corrente em 4,31% no primeiro quadrimestre de 2025. O secretário afirmou que os empréstimos já estão programados e defendeu sua continuidade, alegando que são essenciais para setores como infraestrutura, saúde e educação. “Como já estão na programação do governo, a gente entende que você deva continuar [os empréstimos]”, disse.

Emílio Júnior também criticou a postura do Banco Central, classificando-a como “excessivamente conservadora”. Para ele, o Copom deveria já ter iniciado uma redução na taxa básica de juros, que permanece em patamar elevado. “O Banco Central está sendo muito conservador diante do que está acontecendo”, afirmou, revelando incômodo com os impactos da Selic tanto nas finanças públicas quanto na economia em geral.

No entanto, a manutenção de uma política de endividamento contínuo, mesmo com perspectivas de alívio nos juros, suscita um debate mais amplo: até que ponto o Piauí pode sustentar seus investimentos com base em crédito? Ao justificar os empréstimos como alternativa ao risco inflacionário, o governo transfere à política monetária federal a responsabilidade pelos altos custos da dívida, mas ignora o risco de comprometer a saúde fiscal do estado a longo prazo.

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