No dia 20 de junho, a "jornalista" Eliane Cantanhêde protagonizou um momento revoltante no programa Em Pauta, da GloboNews. Ao comentar os ataques do Irã contra Israel, disparou: “Tem uma mortezinha aqui, outra ali. Uns 23 feridos aqui, 40 ali. FERIDOS! Eu não consigo entender por que o Irã atinge o alvo e não mata ninguém.” A frase, fria e desumana, é mais do que infeliz — é antissemita. Ao se incomodar com o fato de Israel proteger seu povo, Eliane revela desprezo por vidas israelenses e ignora que o país é uma democracia cercada por inimigos, muitos deles regidos por ditaduras religiosas. (confira o vídeo no final da matéria)
No dia seguinte, ela tentou se explicar nas redes, alegando que não é antissemita e que sua intenção era apenas entender a diferença entre o poder de fogo dos dois lados. Mais tarde, após intensa repercussão negativa, publicou um pedido de desculpas reconhecendo que se expressou mal. Mas a pergunta que fica é: como uma jornalista veterana, experiente, não percebe a gravidade daquilo que diz ao vivo em rede nacional? O problema não foi apenas de forma, foi de conteúdo — e de convicção. Sua fala ecoa a frieza de outras figuras públicas, como a do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando chamou a Covid-19 de “gripezinha” — ironia dele à fala de Drauzio Varella (médico da Rede Globo), que havia dito tratar-se de um “resfriadinho” o vírus da Covid-19.
O que Eliane expressa, no fundo, é a mentalidade de grande parte da imprensa brasileira e da militância universitária, que se recusa a pensar por si só. Basta estar alinhado à cartilha ideológica e tudo é perdoável — até mesmo normalizam ataques terroristas contra civis israelenses ou demonstrar desprezo pelas defesas de um país que tenta sobreviver cercado por teocracias que enforcam homossexuais — ou os jogam de prédios — e assassinam mulheres por qualquer deslize que contrarie suas tradições machistas. O que teria acontecido se uma fala como essa viesse de alguém da direita? Cancelamento instantâneo. Mas como vem da “jornalista da Globo”, há sempre uma segunda chance, uma desculpa “técnica”.
Onde estão os defensores dos direitos humanos? Onde estão as universidades que deveriam formar pensadores e não repetidores de slogans? A fala de Eliane é um retrato da morte do jornalismo, do colapso do bom senso e da seletividade moral da militância. E isso é assustador. Porque, como diz uma frase que me acompanha com um nó na garganta: “Para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada.”
Confira a fala de Eliane:
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