Entre 2015 e 2025, 31.773 empresas brasileiras entraram com pedido de recuperação judicial - sem incluir outras que seguem em processo ou já entraram em falência. O drama econômico dessas companhias reflete uma combinação explosiva de fatores: juros nas alturas, inflação insistente, crédito escasso e gestão deficiente.
Juros elevados (Selic acima dos 12%) estão drenando o caixa das empresas, especialmente as de pequeno porte, que dependem de capital de giro. Segundo a RGF, esse foi o setor mais afetado no 1º trimestre de 2025.
Inflação persistente corrói margens de lucro mesmo quando há leve recuperação do PIB.
A inadimplência elevada entre micro e pequenas empresas - que somam 7,2 milhões de negócios nessa situação - gera restrição de crédito e um efeito dominó.
Pandemia e crises econômicas deixaram um legado de fragilidade, com picos em 2017, 2020 e nos últimos anos.
Não é apenas uma fase: em 2024 os pedidos bateram recorde - 2.273 solicitações, alta de 61,8% em relação a 2023. O primeiro trimestre de 2025 ainda registrou crescimento de 6,9% nos processos ativos.. O número de pedidos segue firme: já são cerca de 4.881 empresas em recuperação judicial. Portanto, trata-se de uma tendência sustentável - e preocupante.
Idade não é barreira: a média é de 34,6 anos - incluindo 10.311 companhias centenárias e 9.964 com mais de 30 anos.
Setores vulneráveis: indústria lidera (especialmente têxtil, agroindústria, laticínios, frigoríficos), seguida por serviços e comércio.
Regionalmente concentrado: São Paulo responde por 71% dos casos da década.
Micro e pequenas dominam: em 2024, responderam por 1.676 dos 2.273 pedidos (78%).
Emprego e renda: empresas em recuperação tendem a cortar custos e demitir, mesmo sem falir.
Crédito mais caro e escasso: bancos enxergam riscos maiores, restringindo empréstimos - o que reforça a crise.
Sistema judicial sobrecarregado: processos lentos e oportunismo com honorários criam turbulência. Alguns pedidos se arrastam por dez anos.
Risco de falência e calote: 18% das empresas que saem da recuperação acabam falindo; grandes nomes, como Varig, não resistiram.
Insegurança jurídica: crise rola em meio a reformas na Lei de Falências, mas sem garantias reais de eficácia.
Para empresas: gestão eficiente e planejamento preventivo são essenciais.
Para o governo: urgente aprovar medida que acelere procedimentos judiciais, evite o oportunismo e fortaleça a cultura de recuperação saudável.
Esse tsunami de pedidos de recuperação judicial não é um fato isolado — ele revela as feridas profundas da economia brasileira. São sintomas claros de juros altos, fragilidade financeira, burocracia e falhas estruturais na Justiça. Se não houver reação firme, o Brasil pode se ver num cenário de desemprego, escassez de crédito e muitas empresas fechando as portas — um impacto que afeta todos os brasileiros, direta ou indiretamente.
Mín. 20° Máx. 36°