Se ainda restava alguma dúvida sobre o absurdo que é a carga tributária brasileira, o economista Marcos Köhler trata de enterrá-la de vez. Em entrevista ao Diário do Poder, o especialista foi direto: o Brasil está cobrando impostos como se fosse um país europeu - mas entrega serviços dignos de uma republiqueta. “Estamos chegando à carga tributária de países desenvolvidos. Não faz sentido”, dispara. E tem razão.
De acordo com Köhler, a atual política fiscal do governo Lula 3 é um verdadeiro desastre anunciado. A sanha por impostos, taxações e arrecadação recorde não resolve o problema estrutural do país. Por quê? Porque o problema do Brasil não é a falta de arrecadação, é o descontrole nos gastos públicos. Uma ladainha antiga? Talvez. Mas urgente. “Não existe análise consequente no Brasil que não chegue a essa conclusão: cortar gastos”, afirma o economista.
A matemática não fecha
O Brasil fechou 2024 com uma carga tributária de 32,5% do PIB. Isso nos aproxima de países como o Reino Unido, onde os impostos somam 34,3%. A diferença é que, lá, os serviços públicos funcionam. Aqui, o cidadão paga caro e continua enfrentando filas no SUS, insegurança nas ruas, transporte precário, escolas públicas sucateadas e uma máquina pública inchada.
E o mais preocupante: o governo insiste em não enxergar o óbvio. Em vez de cortar privilégios, rever isenções injustas e atacar os focos de desperdício, prefere o caminho fácil (e populista): aumentar impostos. É a velha máxima de que o Estado brasileiro não tem um problema de receita, mas de compulsão por gastar - mal e muito.
O que pensa Marcos Köhler?
Para Köhler, o modelo que o Brasil precisa seguir não é o da velha esquerda europeia, que tenta manter um Estado pesado com uma base populacional envelhecida, mas sim o dos países asiáticos, que combinaram responsabilidade fiscal com liberdade econômica. “O exemplo agora é o Javier Milei, mas asiáticos já o faziam no passado: gasto fiscal moderado e liberdade de mercado”, analisa.
E completa: “Imposto compra civilização”. O problema é que no Brasil o imposto compra privilégios, cargos comissionados, salários estatais exorbitantes, fundo eleitoral bilionário, auxílios parlamentares e ineficiência institucionalizada.
Quais os riscos dessa política fiscal?
Persistir nesse caminho é empurrar o país para um ciclo vicioso de baixo crescimento, fuga de investimentos, desemprego estrutural e estagnação econômica. O aumento da carga tributária desestimula o empreendedorismo, penaliza o setor produtivo e compromete a competitividade do Brasil em um mundo cada vez mais integrado e ágil.
A insistência em tributar mais para cobrir gastos descontrolados é a receita clássica para quebrar economias emergentes. E a conta, como sempre, vai para os ombros da classe média e dos mais pobres.
Qual a saída?
Köhler é categórico: a solução está em cortar gastos e reduzir impostos. Parece óbvio, mas é justamente o que nenhum governo tem coragem de fazer. Enxugar a máquina pública, desburocratizar o ambiente de negócios, abrir a economia e atrair investimentos são medidas que poderiam destravar o crescimento. Mas exigem coragem política - e renúncia ao populismo fácil das benesses estatais.
Para onde estamos indo?
Com a atual política fiscal do governo Lula 3, o Brasil caminha perigosamente para um colapso silencioso: o da mediocridade permanente. Alta carga tributária, baixa qualidade dos serviços públicos, crescimento anêmico e uma sociedade cada vez mais asfixiada pelo peso do Estado.
Estamos pagando como europeus, mas vivendo como latino-americanos - e não dos melhores. Se não mudarmos o rumo, o futuro será de mais impostos, menos liberdade e nenhuma perspectiva de avanço real.
E a pergunta é: até quando o brasileiro vai aceitar isso calado?
Mín. 20° Máx. 36°