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Selic a 15%: Banco Central aciona freio de emergência na economia de Lula 3

Alta dos juros expõe falhas na política econômica do governo, desmonta a velha narrativa petista e obriga até aliados a reconhecerem que o BC atua para evitar desastre maior

18/06/2025 às 22h21
Por: Douglas Ferreira
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Gabriel Galípolo indicado de Lula para o BC manteve política de Campos Neto com elevação da taxa de juros - Foto: Reprodução
Gabriel Galípolo indicado de Lula para o BC manteve política de Campos Neto com elevação da taxa de juros - Foto: Reprodução

A decisão do Banco Central, anunciada nesta quarta-feira (18), de elevar a taxa Selic para 15% ao ano - maior nível desde 2006 - não é apenas mais um dado técnico em meio ao caos macroeconômico brasileiro. É um alerta vermelho. Um recado duro. Um freio de emergência puxado por um Comitê de Política Monetária que, mesmo sob nova direção, se vê obrigado a agir com rigor para conter o estrago da política econômica do governo Lula 3.

A elevação de 0,25 ponto percentual já era cogitada nos bastidores do mercado, mas o que mais chama atenção é o tom do comunicado do Copom. Nada de amenidades: “expectativas desancoradas”, “pressões no mercado de trabalho”, “projeções de inflação elevadas” - são expressões que, nas entrelinhas, revelam o que o Planalto se recusa a admitir: o Brasil está em rota de colisão com a estabilidade econômica.

E não adianta mais transferir a culpa. Com Gabriel Galípolo, indicado diretamente por Lula, à frente do Banco Central, a narrativa petista de que Roberto Campos Neto “jogava contra o Brasil” desmorona como castelo de areia. Afinal, Galípolo não só endossou como liderou a decisão de subir os juros. E não houve um único voto divergente. Foi unânime. A política econômica do governo, apesar dos discursos populistas e promessas irrealistas, não inspira confiança nem mesmo entre seus aliados.

Por que a taxa subiu?
Simples: o risco inflacionário aumentou. O mercado projeta uma inflação de 5,25% para 2025, acima do centro da meta (4,5%) e longe da meta de longo prazo (3%). Os ruídos fiscais, a insistência do governo em manter gastos altos, os constantes ataques à âncora monetária e a tentativa de flexibilizar o regime fiscal criaram um ambiente de desconfiança que empurra o BC a agir. E agir forte.

Selic a 15% é mais do que uma estatística. É um freio em potencial sobre o consumo, o crédito e o crescimento. É uma tentativa de estancar a sangria inflacionária e colocar um limite nas consequências de uma política econômica que parece mais preocupada com narrativas políticas do que com fundamentos técnicos.

O impacto político
Do ponto de vista político, essa alta de juros é uma ducha de realidade. O governo que culpava o BC pela “lenta recuperação econômica” agora precisa se explicar: a autoridade monetária, com seus próprios indicados, está dizendo com todas as letras que o problema está no Planalto. No gasto. No ruído fiscal. Na desorganização da casa.

Mais que isso: expõe que o discurso de Lula - o de que “gastar é que move a economia” - está esbarrando no muro da inflação. E inflação, todos sabemos, corrói os salários dos mais pobres, afeta diretamente os alimentos, os combustíveis e os juros ao consumidor. Ou seja, o governo que diz governar “para os de baixo” está sendo forçado a aceitar uma política que penaliza justamente esses brasileiros.

Fim da narrativa?
A pergunta que não quer calar é: e agora, Lula? Vai dizer que Galípolo também está “boicotando” o governo? Que os diretores indicados pelo PT são “neoliberais infiltrados”? Ou será que chegou o momento de encarar a verdade? De reconhecer que populismo econômico tem limite - e o mercado cobra, a inflação responde e o Banco Central reage.

A taxa Selic em 15% representa mais que um número: é a face dura da realidade se impondo sobre a fantasia do discurso. O governo pode continuar tentando lacrar nas redes sociais ou acusar fantasmas ideológicos, mas o fato é um só: se não ajustar a política econômica, o custo para o Brasil - e especialmente para os mais vulneráveis - será cada vez maior.

A economia, ao contrário da política, não perdoa slogans. Cobra responsabilidade. E a conta está chegando. Com juros altos. Com credibilidade em xeque. E com um país cada vez mais distante da estabilidade.

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