Em meio ao calor amazônico e à política ainda marcada por preconceitos, Patrícia Alencar, prefeita do município paraense de Marituba, virou o centro de um fenômeno digital que revela muito mais do que um corpo bonito em trajes de banho. O vídeo em que a gestora de 37 anos aparece dançando forró de biquíni viralizou nas redes sociais e fez sua conta no Instagram saltar para mais de 1 milhão de seguidores - ultrapassando, de longe, os 60 mil da conta oficial da prefeitura que ela comanda.
A publicação, inicialmente feita em um grupo privado, foi vazada e espalhada com velocidade meteórica. Diante da repercussão, Patrícia não recuou. Pelo contrário: republicou o vídeo em seu perfil público e aproveitou a onda para mandar um recado contundente:
“Infelizmente, o corpo de uma mulher incomoda mais do que a corrupção, a ineficiência ou o descaso na política”.
Em tempos de ultravisibilidade, o gesto da prefeita não foi apenas um ato de exposição, mas de posicionamento. Ela se recusou a ser envergonhada por ser mulher, por ter curvas ou por dançar. E mostrou que pode ser, ao mesmo tempo, bonita, mãe de três filhos, ex-vendedora de baldes na feira e administradora reeleita com mais de 71% dos votos em 2024.
Patrícia Alencar nasceu em Bodocó (PE) e se mudou para Marituba ainda jovem. Sua trajetória inspira: de feirante a empreendedora, entrou na política carregando a voz dos que não tinham vez. No auge de sua juventude, rompe com a caricatura da “política tradicional” e aparece de biquíni - sem culpa, sem escândalo, sem medo.
Seu gesto, porém, gerou controvérsias e discussões acaloradas sobre moralidade, exposição e credibilidade pública. Mas também gerou empatia. “É isso. Somos mulheres reais. Com vidas reais. E ainda temos que governar e provar o tempo todo que somos capazes”, disse uma seguidora.
O episódio escancara a dupla medida com que figuras públicas femininas ainda são tratadas no Brasil. Um político homem pode aparecer jogando futebol com a barriga de fora, tomando cerveja no bar, e será aclamado como “gente como a gente”. Mas se for uma mulher? É logo acusada de futilidade, vulgaridade ou falta de seriedade.
Patrícia sabe disso. E não se esconde. Transformou um vazamento em vitrine - e uma crítica em manifesto.
Num país em que escândalos com cifras bilionárias são rapidamente esquecidos, o rebolado da prefeita de biquíni parece ter sido mais chocante do que qualquer investigação do TCU. Mas talvez o que mais incomode seja justamente isso: uma mulher no poder, confortável no próprio corpo, dona da própria narrativa e que ainda entrega resultados nas urnas.
Mais do que viral, Patrícia Alencar virou símbolo de uma nova geração de lideranças femininas que não pedem desculpas por serem quem são. A jovem prefeita Patrícia Alencar mostrou para o Brasil é que é ser de fato uma mulher empoderada.
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