A Assembleia Legislativa do Piauí (ALEPI) protagonizou mais um episódio lamentável ao conceder, na última quarta-feira (21), o título de cidadania piauiense ao embaixador de Cuba no Brasil, Adolfo Curbelo Castellanos. A iniciativa partiu do deputado Francisco Limma (PT), que conduziu a sessão exaltando as supostas contribuições do regime cubano à saúde e à educação no Piauí. O que deveria ser uma casa de defesa da democracia e dos direitos individuais se transformou, neste momento, em palco de reverência a um regime notoriamente autoritário, que mantém seu povo sob repressão, censura e privações há mais de seis décadas.
Cuba, como se sabe, não realiza eleições livres, persegue dissidentes, impede a liberdade de imprensa e mantém seu povo em condições econômicas e sociais extremamente precárias. Ainda assim, nossos representantes escolheram homenagear não o povo cubano, mas seu representante oficial — o embaixador de um regime que nega os direitos mais básicos de seus cidadãos. Trata-se de uma escolha simbólica e preocupante, que revela uma inversão completa de prioridades e valores por parte de quem deveria defender os princípios democráticos.
Em vez de emitir moções de repúdio contra ditaduras e governos opressores, como seria esperado de um parlamento comprometido com a liberdade, a ALEPI prefere distribuir títulos e honrarias a representantes de regimes autocráticos. Enquanto isso, os piauienses seguem enfrentando um cenário de alta carga tributária, sucessivos empréstimos sem transparência e um serviço público que deixa a desejar. A Assembleia permanece omissa diante dos problemas estruturais do estado, mostrando-se eficiente apenas na política de afagos ideológicos.
Essa homenagem, além de desnecessária, é um desrespeito à memória de tantos que lutam pela liberdade — em Cuba, no Brasil e no mundo. O parlamento estadual não pode ser usado como palanque para louvar regimes que esmagam a dignidade humana. O povo piauiense merece representantes que tenham coragem de enfrentar os verdadeiros desafios do estado e não que se escondam atrás de solenidades que em nada contribuem para o desenvolvimento, a justiça social e a liberdade.
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