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Brasil VIVA O SUS!

Preta Gil, o SUS e o dilema da saúde pública brasileira

Cantora busca tratamento experimental nos EUA e expõe, sem querer, as fragilidades do sistema que muitos insistem em romantizar

13/05/2025 às 10h04 Atualizada em 14/05/2025 às 15h21
Por: Wagner Albuquerque
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Foto: Reprodução
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A cantora Preta Gil embarcou rumo aos Estados Unidos para dar início a um tratamento experimental contra o câncer no intestino, diagnosticado em 2023. Depois de enfrentar um longo percurso na rede de saúde brasileira, ela optou por buscar alternativas mais inovadoras fora do país. Sua partida para Nova York escancara, ainda que de forma indireta, uma dura realidade: o quanto o Sistema Único de Saúde (SUS), tão exaltado por setores da esquerda, está distante de oferecer um atendimento digno a todos os brasileiros.

Viva o SUS” virou quase um mantra em discursos progressistas, que costumam defender que o Estado seja o provedor universal de serviços como saúde, educação e segurança. Mas basta conversar com qualquer brasileiro comum, especialmente os que dependem exclusivamente do SUS, para perceber que a realidade nas filas intermináveis, consultas escassas e tratamentos ultrapassados não é exatamente motivo para comemoração. A experiência de Preta Gil, que pôde optar por continuar o tratamento fora do país, contrasta com a dor silenciosa de milhões que sequer conseguem uma consulta com um especialista em tempo hábil.

O caso levanta um questionamento incômodo: e se o SUS não existisse? Estaríamos em um cenário ainda pior, ou isso forçaria o país a criar um modelo mais eficiente, com menos impostos e mais responsabilidade individual — como contratar um plano de saúde acessível, por exemplo? É válido refletir se o Estado, ao tentar ser onipresente, não acaba entregando um serviço precário a todos, ao invés de estimular a diversidade de opções e a melhoria na qualidade do atendimento.

Enquanto Preta embarca para um centro de excelência em medicina de precisão nos Estados Unidos, os brasileiros que permanecem nas filas do SUS enfrentam a incerteza, a burocracia, e, em muitos casos, a humilhação. Falta estrutura, faltam profissionais engajados e, muitas vezes, falta higiene. Isso sem mencionar os escândalos de corrupção que desviam recursos preciosos da saúde pública. A romantização do SUS, embora bem-intencionada, ignora essas feridas abertas.

A jornada da cantora em busca de cura merece respeito e admiração. Mas também deveria servir como um convite à reflexão. Talvez seja hora de pararmos de repetir slogans e começarmos a debater com seriedade o modelo de saúde que queremos — e merecemos. Afinal, de boas intenções e frases de efeito, o povo brasileiro está saturado. O que precisamos é de soluções reais para um sistema que, em muitos casos, tem falhado exatamente onde mais importa: na vida das pessoas.

Laureados norte-americanos com o Prêmio Nobel de Medicina

  • Victor Ambros e Gary Ruvkun (2024)
    Descobriram os microRNAs e seu papel crucial na regulação genética pós-transcricional, revelando um novo princípio fundamental para organismos multicelulares, incluindo os humanos.

  • Drew Weissman (2023)
    Juntamente com Katalin Karikó, foi premiado por suas descobertas relacionadas a modificações de bases nucleosídicas que permitiram o desenvolvimento de vacinas eficazes de mRNA contra a COVID-19.

  • David Julius e Ardem Patapoutian (2021)
    Reconhecidos por suas descobertas sobre como o sistema nervoso percebe a temperatura e o toque, elucidando mecanismos fundamentais da sensação.

  • Harvey J. Alter e Charles M. Rice (2020)
    Juntamente com Michael Houghton, foram laureados pela descoberta do vírus da hepatite C, uma conquista que levou ao desenvolvimento de exames de sangue e tratamentos eficazes.

  • William Kaelin Jr. e Gregg Semenza (2019)
    Compartilharam o prêmio com Peter Ratcliffe por suas pesquisas sobre como as células se adaptam a diferentes níveis de oxigênio, com implicações para o tratamento de anemia e câncer.

  • James P. Allison (2018)
    Juntamente com Tasuku Honjo, foi reconhecido por suas pesquisas sobre a imunoterapia, especialmente eficaz no tratamento de casos de câncer agressivos.

  • Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young (2017)
    Premiados por suas descobertas sobre o relógio biológico interno que controla os ciclos de vigília e sono dos seres humanos.

  • James Rothman, Randy Schekman e Thomas Südhof (2013)
    Reconhecidos por seus trabalhos sobre os transportes intracelulares, que ajudam a entender melhor doenças como a diabetes.

  • Edward Donnall Thomas (1990)
    Pioneiro no transplante de medula óssea, demonstrou que a injeção intravenosa de células de medula óssea podia repovoar e produzir uma nova, revolucionando tratamentos para doenças hematológicas.

  • Gertrude B. Elion (1988)
    Juntamente com George H. Hitchings e James Black, foi laureada por suas descobertas de importantes princípios para o tratamento com medicação, incluindo o desenvolvimento de medicamentos antivirais e quimioterápicos.

  • Daniel Nathans (1978)
    Compartilhou o prêmio com Werner Arber e Hamilton Smith por suas descobertas sobre enzimas de restrição e suas aplicações na genética molecular.

  • Barbara McClintock (1983)
    Única laureada solo naquele ano, foi reconhecida por sua descoberta do fenômeno conhecido como transposição genética e sobre elementos genéticos móveis.

O país que mais contribui para a ciência médica na história da humanidade… não tem SUS.

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JOSE IVO SOUZA CRUZHá 3 semanas TeresinaA política brasileira só procura resolver os problemas quando se torna vítima, Preta Gil, filha de cantor imortal da ABL, tem certo prestígios e regalias, hoje estão a criticar o sistema de saúde pública, o sapato só dói quem o calça. Preta Gil ironizou Bolsonaro quando usava bolsa de colostomia, inclusive em show mandando Bolsonaro tomar no c... O que aqui se faz aqui se paga. Preta Gil enquanto vida tiver vai usar a bolsa de colostomia. Deus escreve certo com linhas tortas.
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Sobre Wagner Albuquerque é um jornalista multifacetado, com uma carreira marcada por passagens expressivas pela Band, onde atuou como editor, produtor, repórter e apresentador. Ao longo de sua trajetória, também esteve à frente da Direção de Jornalismo em diversos portais de destaque, sempre pautado pela ética e pela busca da informação de qualidade. Atualmente, é apresentador da TV Lupa1 e jornalista no portal Gazeta Hora1, onde se destaca pela credibilidade, visão analítica e compromisso com a relevância dos fatos que impactam o dia a dia do público.
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