A Prefeitura de Teresina está na UTI fiscal. O diagnóstico é grave: rombo de R$ 3 bilhões. O órgão vital da gestão pública - suas finanças - sofre de taquicardia severa, prestes a entrar em parada. E o mais irônico é que o colapso foi provocado por quem deveria saber estabilizar um paciente: um médico. Mas, ao que tudo indica, o ex-prefeito Dr. Pessoa não soube operar a máquina pública, e o resultado foi o caos absoluto.
A atual administração, liderada por outro médico, Dr. Sílvio Mendes, agora atua como equipe de emergência, tentando estabilizar uma paciente agonizante. A comparação com um corpo humano vai além da metáfora: a gestão pública é um sistema, e cada secretaria é como um órgão vital. Quando o cérebro (governança) falha, o corpo desanda. E foi exatamente isso que ocorreu.
Na visão da nova gestão, a administração anterior causou uma falência múltipla de órgãos. A circulação de recursos parou, o sistema respiratório (os investimentos) entrou em colapso, e o coração (as finanças) disparou em descompasso. Resultado: a paciente foi entubada às pressas e ainda respira com ajuda de aparelhos.
Mas,"O pulso ainda pulsa", parafraseando a famosa canção dos Titãs. Mas até quando? Dr. Sílvio, que é ortopedista, teve que assumir o papel de clínico geral. Sua missão agora é aplicar medidas duras, como dieta restrita (contenção de gastos), remoção de infecções (auditorias e revisões de contratos) e doses calibradas de "nora", o remédio usado em UTI para manter a pressão arterial estável.
Só que aqui, o remédio tem que ser ministrado com extremo cuidado. Afinal, “até oxigênio em excesso pode matar”, explicou o gestor, reconhecendo que o equilíbrio entre ajuste fiscal e manutenção dos serviços básicos será uma tarefa árdua.
A pergunta que ecoa nos corredores da Prefeitura é: como um médico deixou sua maior paciente entrar em coma? A resposta pode estar nos bastidores. A gestão de Dr. Pessoa não foi apenas inábil; foi negligente, omissa e possivelmente corrupta. Afinal, ninguém faz um rombo de R$ 3 bilhões sozinho, ou sem perceber.
A sangria foi generalizada. Os indícios apontam que os vazamentos podem ter ocorrido em setores como Saúde, Educação, Comunicação e Terceirizações. O próprio relatório divulgado por Sílvio Mendes revela uma hemorragia em pontos críticos:
R$ 620 milhões em empréstimos com o Banco do Brasil
R$ 502 milhões em dívidas com o IPMT
R$ 480 milhões em restos a pagar de 2023
R$ 212 milhões com terceirizados
R$ 280 milhões em depósitos e consignações
A paciente esvaiu-se em sangue, enquanto o gestor-médico assistia inerte. Ou pior: tinha conhecimento e permitiu. A omissão se mistura à suspeita. Há quem diga que Dr. Pessoa não sabia o que fazia. Mas, diante da dimensão do rombo, a hipótese da ignorância isolada não se sustenta. Alguém - ou um grupo - operava nas sombras. Alguém conduzia o bisturi que dilacerava o erário.
O fato é que nenhuma hemorragia financeira desse porte ocorre sem mãos cúmplices cortando as veias por onde o dinheiro público deveria circular. A Prefeitura virou uma mesa de cirurgia abandonada, e os instrumentos cirúrgicos foram usados não para curar, mas para saquear.
Agora, a equipe de resgate precisa mais do que técnicas de reanimação: precisa também de uma perícia. Uma necrópsia administrativa profunda, que revele quem foram os responsáveis por permitir o colapso, por onde o dinheiro escapou, e se houve dolo, desvio, corrupção ou associação criminosa. Não se trata mais apenas de salvar a paciente: trata-se de responsabilizar quem quase a matou.
Sílvio Mendes, diante da gravidade do quadro, sinalizou a necessidade de medidas radicais. E ele está certo. Mas tão importante quanto o tratamento é o inquérito, o diagnóstico do que deu errado - e principalmente, quem errou. Porque se o corpo da gestão pública adoeceu, é dever da atual gestão identificar os vírus, os parasitas e os traidores do juramento de Hipócrates. Caso contrário os hipócritas terão vencido.
E quanto ao ex-prefeito Dr. Pessoa? Talvez ele não saiba sequer contar até um milhão. Mas alguém soube. E soube muito bem somar, subtrair, ocultar e sugar. Agora é hora de abrir as contas, acionar os órgãos de controle e provar que, em Teresina, quem adoece o povo não ficará impune.
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