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Economia GANGORRA CAMBIAL

Trump freia tarifa e dólar despenca: R$ 5,84 em meio a trégua provisória na guerra comercial

Anúncio de pausa tarifária de 90 dias por Trump derruba dólar e impulsiona Ibovespa; sinal de negociação entre EUA e China alivia mercado, mas tensão persiste

09/04/2025 às 19h19
Por: Douglas Ferreira
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Decisão de Trump fez o dólar disparar e outra fala do presidente americano provocou a queda - Foto: Reprodução
Decisão de Trump fez o dólar disparar e outra fala do presidente americano provocou a queda - Foto: Reprodução

O que causou a queda do dólar?

A queda do dólar nesta quarta-feira (9), de 2,53%, para R$ 5,84, teve um fator determinante: a fala de Donald Trump anunciando uma pausa parcial nas tarifas sobre produtos estrangeiros, com limite de 10% por 90 dias. Essa sinalização de trégua nas hostilidades comerciais entre EUA e China restaurou temporariamente a confiança dos investidores, que correram para ativos de risco — como ações brasileiras — e abandonaram a segurança do dólar.


Foi só uma fala de Trump? Sim. E não.

Trump, com sua conhecida estratégia de barganha agressiva, dobrou a aposta contra a China ao elevar tarifas para 125%, mas, quase simultaneamente, acenou com disposição para negociar ao anunciar a limitação temporária das sobretaxas.

Ou seja, foi um movimento calculado: ele endureceu o jogo com Pequim, mas piscou para os mercados. A reação foi imediata:

  • Dólar caiu;

  • Ibovespa subiu 3,12%;

  • Wall Street disparou, com Nasdaq em alta de 8,16%.

O mercado, sensível a qualquer gesto de descompressão nas tensões globais, interpretou o recuo tarifário como uma possível abertura para acordos futuros.


E a guerra tarifária com a China? Acabou?

Definitivamente, não. A guerra segue acesa — talvez ainda mais intensa. A pausa anunciada por Trump não vale para a China. Pelo contrário:

  • Os EUA impuseram tarifa de 125% sobre produtos chineses.

  • A China respondeu com 84% de sobretaxa sobre produtos norte-americanos.

Essa escalada mostra que, apesar da tentativa de Trump de controlar a narrativa perante o mercado, Pequim não recuou e promete "ir até o fim".


Qual o impacto global da fala de Trump?

A declaração de Trump funcionou como uma injeção de alívio no curto prazo:

  • Bolsas de valores em Wall Street explodiram em alta, em reação imediata ao “respiro”.

  • Moedas de países emergentes, como o real, se valorizaram com o fluxo de capital estrangeiro voltando para mercados de risco.

  • Empresas brasileiras exportadoras ganharam fôlego com o câmbio ainda elevado, mas menos volátil.

Contudo, o efeito pode ser passageiro. Como afirmou Leonel Oliveira Mattos, analista da Stonex:

“É difícil subestimar o potencial destrutivo de uma guerra entre as duas maiores economias do mundo. A fala de Trump alivia, mas não encerra nada.”


E o Brasil no meio disso tudo?

O Brasil vive uma dança delicada:

  • Com a alta do dólar, produtos importados encarecem, o que pressiona a inflação.

  • Ao mesmo tempo, exportadores brasileiros se beneficiam com a moeda americana valorizada.

  • Empresas com dívidas em dólar ou com forte dependência de insumos importados sofrem.

A trégua anunciada impulsionou a Bolsa brasileira e trouxe alívio momentâneo. Mas a instabilidade na relação sino-americana afeta diretamente a economia brasileira, que depende das duas potências como principais parceiros comerciais.


E agora, o que esperar?

A guerra comercial segue como um jogo de xadrez geopolítico, em que cada movimento serve mais à construção de vantagem estratégica do que à resolução definitiva. A pausa tarifária de Trump não significa paz, mas uma reorganização no campo de batalha.

Nos próximos dias, os mercados estarão atentos a:

  • Novas falas de Trump ou autoridades chinesas.

  • Reações formais da China à proposta de trégua parcial.

  • Movimentos diplomáticos paralelos, como os esforços do Japão e da União Europeia para conter o efeito dominó.

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