A forte valorização do dólar nesta quarta-feira (9) - que rompeu a barreira psicológica dos R$ 6,00 e chegou a R$ 6,08 - é reflexo direto da escalada da guerra tarifária entre Estados Unidos e China. O conflito, que voltou a ganhar intensidade com o "tarifaço" de 104% imposto por Donald Trump e a retaliação chinesa com 84% de taxação sobre produtos americanos, provocou uma onda de incerteza global.
E quando o mercado sente cheiro de instabilidade, o dólar vira porto seguro.
Fuga de capitais: Investidores internacionais retiram dinheiro de países emergentes, como o Brasil, e correm para ativos considerados mais seguros, como dólar e títulos do Tesouro americano.
Avanço da aversão ao risco: A tensão entre EUA e China pode comprometer o crescimento global, o que impacta países exportadores como o Brasil. Isso derruba a confiança e enfraquece moedas locais.
Pressão inflacionária importada: Com o dólar mais caro, tudo que o Brasil importa — combustíveis, insumos, produtos eletrônicos — fica mais salgado. E isso pesa direto no bolso do consumidor.
Exportações ameaçadas: A desaceleração chinesa compromete a demanda por commodities brasileiras, como soja e minério de ferro.
Inflação pressionada: Alta do dólar eleva custos de importação, podendo forçar reajustes de preços internos.
Investimentos travados: Incertezas desestimulam novos investimentos, sobretudo estrangeiros.
Alta nos juros: Para conter a inflação, o Banco Central pode ser pressionado a manter ou elevar a taxa Selic.
Indústria penalizada: Insumos importados encarecem a produção. Pequenas e médias empresas sofrem ainda mais.
Agronegócio tensionado: Apesar do dólar alto ser positivo para exportadores, a queda na demanda chinesa pode neutralizar esse ganho.
Combustíveis e alimentos mais caros: Com o dólar nas alturas, até a feira pesa mais. E isso sem falar na bomba de gasolina.
Viagens e eletrônicos inviáveis: Passagens aéreas, pacotes internacionais e produtos como celulares e notebooks devem subir.
O cenário é de escalada, não de trégua. A retórica agressiva dos dois lados — com os EUA pressionando e a China prometendo "lutar até o fim" — sugere que a tensão deve persistir ou até piorar nos próximos meses.
Enquanto Trump adota a guerra tarifária como plataforma eleitoral para 2024, Pequim responde com medidas duras, reforçando o embate geopolítico que vai muito além das tarifas: é uma disputa por hegemonia global.
Ganha quem exporta produtos substitutos (como Brasil e Austrália em alguns segmentos), mas isso depende de acordos e estabilidade.
Perde o mundo inteiro, com desaceleração econômica, inflação e incerteza prolongada.
A China tem fôlego maior em reservas cambiais, mas os EUA têm poder geopolítico e influência em organismos internacionais.
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