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Economia EFEITO DO TARIFAÇO

Dólar rompe R$ 6 com guerra tarifária entre EUA e China e acende alerta no Brasil

Conflito entre as duas maiores potências do mundo joga incertezas no mercado global, pressiona o câmbio e ameaça o bolso de empresas e consumidores brasileiros

09/04/2025 às 11h00
Por: Douglas Ferreira
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Enquanto durar o clima de incertezas a tendência é de aumento do dólar - Foto: Reprodução
Enquanto durar o clima de incertezas a tendência é de aumento do dólar - Foto: Reprodução

O que está por trás da disparada do dólar a R$ 6,08?

A forte valorização do dólar nesta quarta-feira (9) - que rompeu a barreira psicológica dos R$ 6,00 e chegou a R$ 6,08 - é reflexo direto da escalada da guerra tarifária entre Estados Unidos e China. O conflito, que voltou a ganhar intensidade com o "tarifaço" de 104% imposto por Donald Trump e a retaliação chinesa com 84% de taxação sobre produtos americanos, provocou uma onda de incerteza global.

E quando o mercado sente cheiro de instabilidade, o dólar vira porto seguro.


Por que o dólar sobe com guerra comercial?

  1. Fuga de capitais: Investidores internacionais retiram dinheiro de países emergentes, como o Brasil, e correm para ativos considerados mais seguros, como dólar e títulos do Tesouro americano.

  2. Avanço da aversão ao risco: A tensão entre EUA e China pode comprometer o crescimento global, o que impacta países exportadores como o Brasil. Isso derruba a confiança e enfraquece moedas locais.

  3. Pressão inflacionária importada: Com o dólar mais caro, tudo que o Brasil importa — combustíveis, insumos, produtos eletrônicos — fica mais salgado. E isso pesa direto no bolso do consumidor.


Como essa guerra afeta o Brasil na prática?

Na economia:

  • Exportações ameaçadas: A desaceleração chinesa compromete a demanda por commodities brasileiras, como soja e minério de ferro.

  • Inflação pressionada: Alta do dólar eleva custos de importação, podendo forçar reajustes de preços internos.

  • Investimentos travados: Incertezas desestimulam novos investimentos, sobretudo estrangeiros.

  • Alta nos juros: Para conter a inflação, o Banco Central pode ser pressionado a manter ou elevar a taxa Selic.

Para as empresas:

  • Indústria penalizada: Insumos importados encarecem a produção. Pequenas e médias empresas sofrem ainda mais.

  • Agronegócio tensionado: Apesar do dólar alto ser positivo para exportadores, a queda na demanda chinesa pode neutralizar esse ganho.

Para o consumidor:

  • Combustíveis e alimentos mais caros: Com o dólar nas alturas, até a feira pesa mais. E isso sem falar na bomba de gasolina.

  • Viagens e eletrônicos inviáveis: Passagens aéreas, pacotes internacionais e produtos como celulares e notebooks devem subir.


E o que esperar da guerra entre EUA e China?

O cenário é de escalada, não de trégua. A retórica agressiva dos dois lados — com os EUA pressionando e a China prometendo "lutar até o fim" — sugere que a tensão deve persistir ou até piorar nos próximos meses.

Enquanto Trump adota a guerra tarifária como plataforma eleitoral para 2024, Pequim responde com medidas duras, reforçando o embate geopolítico que vai muito além das tarifas: é uma disputa por hegemonia global.


Quem ganha e quem perde nessa guerra?

  • Ganha quem exporta produtos substitutos (como Brasil e Austrália em alguns segmentos), mas isso depende de acordos e estabilidade.

  • Perde o mundo inteiro, com desaceleração econômica, inflação e incerteza prolongada.

  • A China tem fôlego maior em reservas cambiais, mas os EUA têm poder geopolítico e influência em organismos internacionais.

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