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Economia DÓLAR EM ALTA

Dólar sobe a R$ 5,71 com incertezas globais: tendência ou oscilação momentânea?

A valorização da moeda americana reflete preocupações com a desaceleração econômica global e tem consequências diretas para a inflação e a vida do brasileiro

21/03/2025 às 20h49
Por: Douglas Ferreira
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Moeda americana voltou a subir - Foto: Reprodução
Moeda americana voltou a subir - Foto: Reprodução

A moeda norte-americana registrou sua segunda alta consecutiva, encerrando a sexta-feira (21/3) cotada a R$ 5,717. Esse movimento ocorre em meio a preocupações crescentes sobre a desaceleração da economia global, refletindo um cenário de incertezas que impacta diretamente os mercados financeiros. Mas o que está por trás dessa valorização do dólar? Trata-se de uma tendência duradoura ou apenas uma oscilação pontual? E quais são os impactos desse aumento para a economia brasileira e para o bolso da população?

O que provocou a alta do dólar?

O fortalecimento da moeda norte-americana está diretamente ligado a uma combinação de fatores internacionais e domésticos. No cenário global, investidores estão cada vez mais cautelosos diante de sinais de desaceleração econômica, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. O Federal Reserve (Fed) reduziu sua projeção de crescimento do PIB norte-americano para 2025 de 2,1% para 1,7%, aumentando as especulações sobre uma possível recessão.

Além disso, a política comercial protecionista do presidente Donald Trump tem gerado tensões com a União Europeia. Tarifas adicionais sobre importações de aço e alumínio e novas restrições previstas para abril intensificam o risco de uma guerra comercial, o que eleva a busca por ativos considerados seguros, como o dólar.

No Brasil, a aprovação do Orçamento de 2025 pelo Congresso também repercutiu no mercado financeiro. Apesar da previsão de um superávit de R$ 15 bilhões, o cenário fiscal ainda gera incertezas, o que pode contribuir para o enfraquecimento do real.

Tendência ou variação pontual?

A recente alta do dólar pode ser interpretada como uma reação pontual ao clima de incerteza global, mas alguns fatores sugerem que essa valorização pode se prolongar. Caso as previsões de desaceleração econômica se confirmem, a tendência é que os investidores continuem migrando para ativos mais seguros, sustentando a alta da moeda norte-americana.

No entanto, o comportamento do dólar também dependerá das decisões do Banco Central brasileiro. Se houver um movimento de alta nos juros para conter a desvalorização do real, a moeda pode voltar a se estabilizar. O avanço do cenário fiscal e político do Brasil nos próximos meses será determinante para definir se a cotação se manterá nesse patamar ou se voltará a recuar.

Impacto na economia e no bolso do brasileiro

A valorização do dólar tem efeitos diretos na economia brasileira, impactando desde os preços de produtos importados até os custos de produção no país. Entre os principais reflexos estão:

  • Aumento da inflação: Produtos importados e insumos dolarizados, como combustíveis e eletrônicos, tendem a ficar mais caros, pressionando os preços ao consumidor.
  • Alta nos combustíveis: Como o petróleo é cotado em dólar, a alta da moeda pode levar a reajustes no preço da gasolina e do diesel.
  • Dificuldade para viagens internacionais: O encarecimento do dólar aumenta os custos para brasileiros que pretendem viajar para o exterior.
  • Impacto nas empresas e na dívida pública: Empresas que possuem dívidas em dólar veem seus custos aumentarem, o que pode comprometer investimentos e empregos. Além disso, parte da dívida pública brasileira está atrelada à moeda americana, o que pode pressionar as contas do governo.

Com um cenário global incerto e fatores internos ainda indefinidos, o dólar pode continuar registrando oscilações expressivas. Para o Brasil, a principal preocupação é o impacto dessa valorização sobre a inflação e o crescimento econômico. Resta saber se o governo e o Banco Central tomarão medidas para conter a volatilidade ou se o mercado se ajustará naturalmente.

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