Tenho profunda admiração pela Igreja Católica Apostólica Romana e por tudo o que ela representa na história da humanidade. O papa Francisco, em especial, tem sido uma liderança inspiradora, marcada por humildade, coragem e compromisso com a renovação da fé. Desejo sinceramente sua pronta recuperação e que ele possa retomar suas atividades com saúde e vigor.
Dito isso, confesso que me causou certa surpresa o anúncio feito pelo Vaticano neste sábado (15), informando que o papa autorizou, de seu leito hospitalar, um novo processo de reforma na Igreja. O Papa Francisco está internado, afastado da vida pública há semanas, enfrentando uma pneumonia bilateral — uma condição que, sabemos, pode ser grave, especialmente em pessoas idosas.
É justamente esse contraste que chama atenção. Enquanto luta para preservar a própria saúde, o papa aprova uma iniciativa que promete mudanças profundas na estrutura e nos rumos da Igreja. Trata-se de um gesto importante, mas o momento escolhido gera dúvidas. Por que iniciar um processo tão complexo, que mexe com pilares históricos da instituição, quando ele próprio está fragilizado e sem condições de participar ativamente das discussões iniciais?
O novo processo, que se estenderá por três anos e envolve temas sensíveis como o papel das mulheres e a inclusão de fiéis LGBTQIA+, certamente exigirá diálogo, presença e liderança. Seria mais natural que algo dessa magnitude começasse com o papa plenamente presente e participativo. A decisão tomada em meio ao tratamento hospitalar, por mais simbólica que seja, soa apressada ou, no mínimo, fora de sintonia com o cenário atual.
Claro que o mundo segue seu curso e a Igreja, como qualquer instituição viva, precisa se adaptar e evoluir. As mudanças são inevitáveis, e talvez até necessárias. Mas não deixa de ser curioso — e até desconcertante — que um processo tão relevante comece justamente de um quarto de hospital, quando o próprio líder espiritual da Igreja está ausente do púlpito e em luta por sua recuperação.
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