Uma imagem impressionante da divisa entre Manaus e a Floresta Amazônica provocou intensos debates nas redes sociais. Enquanto alguns internautas alegavam que a foto era gerada por inteligência artificial, outros defendiam sua autenticidade. Mas afinal, essa fronteira existe mesmo? A selva realmente começa do outro lado da rua?
No coração do Brasil, Manaus se ergue como a última fronteira entre a urbanização e a vastidão da Amazônia. O contraste é estonteante: de um lado, a metópole vibrante, repleta de prédios, ruído e movimento. Do outro, um oceano verde e denso, onde a natureza reina soberana e intocada. Vista do alto, a transição entre os dois mundos parece traçada a régua, uma linha nítida separando asfalto e concreto da imensidão vegetal.
A fotografia que reacendeu o debate foi registrada em junho de 2022 e viralizou novamente em 2024. Inicialmente divulgada nas redes sociais da plataforma Science of The Universe, foi posteriormente compartilhada pelo perfil Terra Fatos no Instagram. A postagem mencionava que a captura teria sido feita pelo GOES, satélite meteorológico da NASA.
Entretanto, especialistas contestaram essa informação. Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA) e membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), esclareceu que os satélites GOES, que operam a mais de 32 mil km de altitude, não possuem capacidade para imagens de alta definição. De acordo com ele, o registro foi obtido pelos satélites da constelação SkySat, da Sccon Geospatial, especializados em sensoriamento remoto com imagens detalhadas da superfície terrestre.
O impacto visual da imagem se deve ao crescimento da capital amazonense até os limites da Reserva Florestal Adolfo Ducke, uma área de proteção ambiental. Isso demonstra a eficácia das reservas legais na preservação da maior floresta tropical do planeta.
As fotografias aéreas fornecem uma perspectiva única sobre essa transição: um espaço onde a urbanização de Manaus desaparece abruptamente na imensidão da selva. Mais do que uma divisão geográfica, essa fronteira representa a relação entre o desenvolvimento humano e a natureza, um equilíbrio delicado entre expansão urbana e preservação ambiental.
Essas imagens não apenas encantam pela magnitude da Amazônia, mas também reforçam a necessidade urgente de conservar esse ecossistema vital. Embora a Floresta Amazônica não seja o pulmões do planeta ela enfrenta ameaças constantes decorrentes da exploração econômica e do crescimento urbano desordenado. Sim, a Amazônia não é o pulmão do mundo, pois não é a principal responsável pela produção de oxigênio do planeta. No entanto, a Amazônia é fundamental para o equilíbrio do clima e para a biodiversidade.
Manaus e a Amazônia vivem uma relação de interdependência. A cidade prospera devido às riquezas naturais da floresta, enquanto a selva depende do respeito e da consciência ambiental de quem vive em seu limite. A fotografia que gerou tanta polêmica é, na verdade, um lembrete poderoso da necessidade de manter esse equilíbrio e garantir que essa fronteira entre dois mundos continue a existir, sem que um devore o outro.
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