O Brasil, um país onde cerca de 5 milhões de pessoas enfrentam a fome diariamente e onde a inflação já começa a impactar a mesa dos mais pobres, se lança ao mundo como exemplo no combate à miséria. Mas será que tem autoridade moral para isso? E mais: quem deveria representar o Brasil em uma cúpula internacional sobre segurança alimentar? O vice-presidente? A primeira-dama Janja? O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, cujo Estado, o Piauí, amarga a triste estatística de quase metade da população sem segurança alimentar?
A viagem oficial de Janja Lula da Silva a Roma, na Itália, acompanhada por uma comitiva de assessores, levanta questionamentos não apenas sobre os gastos, mas sobre a real necessidade da missão. A Presidência da República gastou pelo menos R$ 24 mil apenas em diárias para quatro assessores da primeira-dama, sem incluir passagens ou hospedagem. Cada auxiliar recebeu R$ 6 mil, referentes a duas diárias e meia internacionais.
O governo não divulgou os custos totais da viagem, e a equipe da primeira-dama não esclareceu por que foi necessário um grupo de seis assessores para acompanhá-la. Segundo informações, o convite oficial para que Janja representasse o Brasil partiu do ministro Wellington Dias, uma exigência burocrática para validar sua participação no evento.
Além da contradição entre a realidade dos brasileiros e o discurso internacional do governo, há um agravante: o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, comandado por Wellington Dias, está no centro de uma grave denúncia de desvio de dinheiro público destinado à alimentação dos mais vulneráveis. A suspeita de irregularidades já gerou um movimento no Congresso para viabilizar a abertura da chamada "CPI das Quentinhas", que pretende investigar o mau uso dos recursos.
Enquanto Wellington Dias e Janja discursam na cúpula internacional sobre segurança alimentar, o Brasil assiste a um escândalo envolvendo justamente o dinheiro que deveria garantir comida no prato dos mais pobres. Tudo isso transforma essa viagem a Roma e a participação dos representantes brasileiros em um espetáculo de hipocrisia.
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